Rota da estrada nacional que liga Chaves e Faro é muito procurada por portugueses para férias em ano de pandemia.
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A Rota da EN2, que liga Chaves a Faro, está na moda. Todos os dias há turistas a percorrer os quase 740 quilómetros entre as duas cidades. Este ano já foram "mais de 50 mil", gerando um impacto económico a rondar "20 milhões de euros" nos 34 municípios associados.
Os números são avançados, ao JN, por Luís Machado, presidente da Associação da Rota EN2, e baseiam-se nos "30 mil passaportes" já emitidos e na estimativa de que cada uma das 50 mil pessoas tenha gastado "400 euros, em média, para fazer a viagem". "O objetivo de criar riqueza nos concelhos atravessados pela EN2 é já uma realidade", regozija-se.
O também autarca de Santa Marta de Penaguião está convencido de que o sucesso é uma "oportunidade gerada pela pandemia". A rota é um produto direcionado para um "turismo seguro" de "pequenos grupos e famílias" e "encaixou perfeitamente" num ano em que muitos preferiram fazer férias cá dentro e longe de multidões.
Viagem de 12 dias
Foi com esse objetivo que três jovens, que trabalham num hotel de Vieira de Leiria, alugaram uma carrinha para, durante 12 dias, fazerem a EN2. Começaram no marco do quilómetro zero, em Chaves, no dia 14 e devem chegar a Faro no domingo. Daniela Alves, 22 anos, de Leiria, disse ontem, ao JN, que "a viagem está a correr bem, quase conforme o previsto". Neste "quase" está incluída a dormida "fora da carrinha" - numa herdade alentejana - para fugir ao mau tempo da depressão Bárbara e a visita feita ontem a Évora. "Queríamos muito ver a cidade e aproveitámos para fazer um pequeno desvio". Hoje vão voltar à EN2 para continuar a viagem até Faro.
Daniela viaja com Mónica Gonçalves, 23 anos, de Mortágua, e com Pedro Farinha, 23 anos, da Sertã. Demoraram-se mais em cidades como Chaves, Vila Real, Lamego e Viseu, porque "não conheciam", aceleraram um pouco mais na região mais familiar e agora vão demorar-se mais no Alentejo e no Algarve.
Nas câmaras dos concelhos atravessados pela EN2 reina a convicção de que a criação da rota foi uma boa aposta. Em Chaves, o vice-presidente Francisco Melo nota que o concelho, "inequivocamente, beneficia por ter no seu território o emblemático marco do quilómetro zero", sendo ponto de passagem "obrigatório" na partida ou na chegada. O vereador de Vila Real José Maria Magalhães adianta que "o aumento de presença de turistas é de extrema relevância no contexto do comércio local".
Em Lamego, o vice-presidente António Alves da Silva refere que "a EN2 tornou-se, neste ano atípico, uma das mais importantes fontes de afluência ao concelho". Contabilizou "oito a 10 mil visitantes por mês" no verão. Em Viseu, o vereador Jorge Sobrado realça que o concelho "beneficiou expressiva e visivelmente" da rota, tendo sido "o principal produto turístico procurado este verão na cidade". Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, diz que a cidade "registou inúmeros visitantes de vários pontos do país", que chegaram de "carro, mota, bicicleta e, até, a pé".
Curiosidades
Beneficiados
De acordo com os autarcas ouvidos pelo JN, os setores que estão a retirar maiores benefícios da Rota da EN2 são a restauração, alojamento, museus e lojas que vendem os produtos típicos de cada concelho.
Espanhóis
De acordo com Luís Machado, presidente da Associação da Rota da Estrada Nacional 2, cerca de "10 mil espanhóis, essencialmente a viajar em mota", terão já passado este ano pela via que liga Chaves a Faro.
35 concelhos
A EN2 atravessa 35 concelhos de norte a sul de Portugal. Apenas Alcácer do Sal não faz parte da associação da rota.