GNR prendeu e identificou mais pessoas por incêndio florestal este ano, entre janeiro e maio.
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A GNR já deteve, este ano, 42 pessoas por incêndio florestal, número superior ao verificado há um ano e mais de metade do total de 2022, apesar de haver menos fogos. Além disso, os suspeitos identificados ultrapassam o meio milhar e ainda poderão ser constituídos arguidos. Também as situações de incumprimento sinalizadas por falta de limpeza florestal aumentaram mais de três mil, tendo já levado a Guarda a passar, em apenas um mês, 300 multas, onze das quais a entidades públicas.
Segundo o balanço feito pela GNR ao JN, registou, até ao dia 28 do mês passado, 42 detidos e 511 identificados, num total de 3433 ocorrências de incêndio florestal. No mesmo período do ano anterior, entre 1 de janeiro e 28 de maio, contabilizou 39 detenções e identificou 378 pessoas, num total de 3654 fogos florestais.
Detenções têm subido
No ano passado, o total de detenções chegou a 72, número que disparou após 2020 e 2021 terem terminado com 52 detidos. Em 2019, foram 58 e, no ano anterior, atingiram um valor recorde, com 103 detenções registadas. Já em 2023, o número de detenções chegava a 24 no final de março.
A GNR está, desde o dia 1 de fevereiro, a realizar a Operação Floresta Segura 2023, que inclui ações de sensibilização, fiscalização, vigilância e deteção de incêndios rurais, investigação das causas dos crimes de fogo florestal e também de validação das áreas ardidas.
Nas zonas de floresta, o prazo para a execução dos trabalhos de gestão de combustível terminou a 30 de abril e a fiscalização arrancou no dia 1 de maio. Até esta data, os proprietários estavam obrigados a proceder à limpeza numa faixa com largura não inferior a 50 metros, em torno das edificações ou instalações situadas em áreas rurais ou florestais. A GNR sinalizou 14 321 situações de incumprimento até final de abril.
Já na fase de fiscalização, foram elaborados, até 28 de maio, 300 autos de contraordenação. Segundo disse a GNR, são 289 multas aplicadas a entidades privadas e onze a entidades públicas. Além disso, falta analisar as restantes situações sinalizadas dentro do prazo para a limpeza, o que irá engrossar a lista de multas.
Numa comparação com o ano anterior, verifica-se que houve um aumento superior a três mil nas situações identificadas pela GNR. Até 30 de abril de 2022, tinham sido sinalizadas 10 989 situações de incumprimento na limpeza florestal.
Queimas e queimadas
No decorrer da fase de fiscalização que arrancou no dia 1 de maio, e na qual são verificados os pontos sinalizados na fase anterior, "foram detetados 4359 incumprimentos/infrações relativamente à limpeza de terrenos", segundo refere a GNR.
Quanto a queimas e queimadas, foram registados até 28 de maio deste ano 22 autos de contraordenação no primeiro caso e 68 no segundo. No ano anterior, foram 16 e 90 respetivamente. E o total de 2022 chegou a 362 multas por queimas e 123 por queimadas.
No âmbito da prevenção, a GNR já realizou este ano 4689 ações de sensibilização, envolvendo 83 060 pessoas com vista à adoção de medidas de autoproteção e uso correto do fogo por parte das comunidades.
Atraso
Kamov sem autorização para voar
Os três helicópteros Kamov que foram alugados à Ucrânia e que estão estacionados no hangar de Macedo de Cavaleiros ainda não têm autorização para voar. O dispositivo de combate a incêndios previa que estes helicópteros estivessem operacionais desde ontem, mas atrasos com a certificação da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) impedem-nos de levantar voo. A situação foi confirmada ao JN pela ANAC e pela Heliportugal, a empresa portuguesa que intermediou o negócio com Kiev. Ontem, o Centro de Meios Aéreos de Moura abriu sem aeronaves, estando prevista uma para esta fase.
Dados
Apoios a sapadores
As equipas de sapadores florestais vão ter mais apoio. O valor anual por equipa passa de 45 mil euros para 55 mil euros, anunciou ontem o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, no final da reunião do Conselho de Ministros.
Serra da Estrela
O novo plano visa garantir uma resposta operacional integrada aos incêndios rurais na área do Parque Natural da Serra da Estrela e "zona-tampão", com recurso aos meios existentes nos municípios de Covilhã, Celorico da Beira, Gouveia, Guarda, Manteigas e Seia. Possui 85 equipas compostas por 423 operacionais, incluindo 260 bombeiros e 113 sapadores florestais do ICNF. (Delfim Machado)