O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esta sexta-feira que o Serviço Nacional de Saúde "não mostra stress" e tem a situação "controlada" em termos de resposta à pandemia, mas insiste na responsabilização dos portugueses.
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De visita a Olhão, o chefe de Estado admitiu - tal como o primeiro-ministro tinha feito horas antes, à saída da reunião do gabinete de crise para acompanhamento da pandemia - que Portugal pode chegar aos mil casos diários registados de novas infeções de covid-19 já na próxima semana.
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"Esta fase, chame-se segunda vaga, segunda fase da primeira vaga, terceira vaga, não interessa: é uma fase muito difícil, com mais números, que vão subindo, que estão agora nos 700 e que, nas semanas seguintes, poderão estar nos mil ou mais de mil", afirmou Marcelo.
No entanto, o presidente recordou que a "grande maioria" dos novos infetados é jovem e que, para já, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem a situação "controlada em termos de resposta" ao coronavírus. "O SNS não mostra stress, neste momento, em termos de internamentos e cuidados intensivos", sublinhou, aludindo também ao número "relativamente baixo" de mortos (esta sexta-feira foram reportadas seis mortes contra 10 na véspera).
Pessoal da saúde é "excecional"
Marcelo deixou ainda elogios ao trabalho dos profissionais do setor: "O pessoal de saúde foi sempre excecional nos últimos meses, está a ser excecional e nós sabemos que será excecional. É uma confiança muito grande que temos e que é fundamental: sabemos que o pessoal de saúde não falha, é do melhor e vai cumprir a sua missão", referiu.
O presidente mostrou estar em sintonia com António Costa quanto à necessidade de "evitar confinamentos totais". Marcelo disse que as prioridades neste "momento difícil" são garantir o ensino presencial e a atividade económica, mas pediu que seja feito "um esforço" para evitar "juntar novos fatores" de preocupação. Alguns dos seus receios são eventuais "manifestações de milhares" e, também algumas "confraternizações" com menor grau de afluência.
Marcelo Rebelo de Sousa também ainda que os portugueses deram uma resposta "muito positiva" ao desafio do regresso das aulas presenciais, levando a melhor sobre uma situação que era "uma incógnita".
"Feliz" pelos avanços na Justiça
O chefe de Estado não quis comentar a decisão do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, ter retirado António Costa e Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, da sua Comissão de Honra de recandidatura às eleições do clube da Luz. Na semana passada, recorde-se, Marcelo tinha dito aos jornalistas que iria abordar o tema na reunião semanal com o primeiro-ministro, que ocorreu na quinta-feira.
Questionado sobre a operação Lex, cuja acusação foi deduzida esta sexta-feira, o presidente não escondeu estar "feliz" por assistir "a passos da Justiça portuguesa em inúmeros casos relevantes em termos de preocupação da opinião pública ou de reflexos sociais. Marcelo considerou que a evolução de casos como a Operação Marquês, Tancos, o BES ou o Lex, "qualquer que seja o veredicto final", é uma boa resposta aos que diziam que a justiça estava a "bloquear" processos.