Rede que monitoriza a evolução da gripe sazonal conta este ano com informação das áreas onde se vai fazer a triagem do novo coronavírus.
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O sistema de vigilância da gripe sazonal, com dados da Rede Médicos Sentinela, vai contar este ano com informação recolhida pelas áreas dedicadas para doentes respiratórios (ADR), para despiste da covid-19. Estas ADR vão ser instaladas nos centros de saúde, áreas metropolitanas e urgências hospitalares, no âmbito do "Plano de saúde para o outono-inverno".
De acordo com a coordenadora da rede, Ana Paula Rodrigues, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), o objetivo principal da rede " é manter a vigilância da gripe e de outros vírus respiratórios", mas foi preciso adaptar a recolha dos dados "à reorganização dos serviços de saúde". E, por esse motivo, também serão integrados os doentes suspeitos de covid-19. Mas o número de infeções pelo novo coronavírus é reportado pelo Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (Sinave).
"Até aqui tínhamos médicos de família (123 no ano passado), que eram médicos sentinela, serviços de urgência sentinela e serviços de obstetrícia e de ginecologia sentinela. O que acontece atualmente é que os doentes não vão ao médico de família, nem ao serviço de urgência, quando têm sintomas de gripe", que clinicamente não se distinguem dos da covid-19, disse.
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"Vamos pedir [aos profissionais das ADR] para quando colherem a zaragatoa, para testar a covid-19, a enviem também para o instituto, de maneira a nós conseguirmos identificar os outros vírus respiratórios", independentemente de o resultado ser positivo para o novo coronavírus ou não.
Os doentes a testar serão selecionados "de acordo com critérios específicos", e as amostras que forem positivas poderão posteriormente ser "usadas para fazer a caracterização genética dos coronavírus em circulação em Portugal".
Boletim na quarta-feira
O período de vigilância da gripe começou no início do mês (semana 40) e na quarta-feira é publicado o primeiro boletim epidemiológico. "Aquilo que vamos conseguir é dizer que dos doentes com infeção respiratória, esta semana, 10% deram positivo para gripe, 20% para covid-19, e 20% para outros vírus respiratórios", exemplificou.
Segundo a especialista, "as epidemias de gripes são completamente imprevisíveis". No entanto, admite que as precauções contra a covid-19 podem ter influência na transmissão, bem como o facto de a população poder estar mais propensa em vacinar-se contra a gripe. No entanto, "isso não quer dizer que venha a haver uma redução na gravidade do vírus em si".
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Gripe
Os sintomas da gripe manifestam-se de forma abrupta. Os mais comuns são, segundo a Organização Mundial de Saúde, febre, fadiga e dores no corpo, dores de cabeça e de garganta. A tosse seca também é habitual. Nariz entupido, diarreia e náuseas e vómitos são menos comuns.
Covid-19
Febre, tosse normalmente seca e dor de cabeça são os principais sintomas associados à infeção pelo SARS-CoV-2, que podem aparecer de forma gradual. Mas também é preciso ter atenção à perda do olfato e do paladar. Com menos frequência têm sido relatados fadiga, dores no corpo e na garganta, vómitos e diarreia (mais comuns nas crianças), falta de ar e nariz entupido.