O presidente da República deixou esta terça-feira um cumprimento à coordenadora do BE, Catarina Martins, que anunciou hoje a sua saída da liderança bloquista na próxima convenção e considerou que "faz parte da vida da democracia os partidos mudarem".
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"Eu não comento a vida dos partidos. Queria naturalmente dar uma palavra, a verificar-se essa saída, de cumprimento à líder, coordenadora do BE. Foram sete anos em que pude dialogar com ela, como aliás com todos os líderes políticos, praticamente se não todas as semanas, com uma grande frequência", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado falava aos jornalistas no final de mais uma edição da iniciativa "Músicos no Palácio de Belém", depois de questionado sobre o anúncio, esta manhã, de que Catarina Martins vai deixar de ser coordenadora nacional do BE na próxima convenção do partido, em maio.
"E todos nós percebemos que os dois desafios que se colocam hoje ao sistema político português, como aliás aos europeus em geral, são muito simples", afirmou, apontando que "quem é governo tem de governar bem, e tem uma ocasião única para governar bem, que são os fundos europeus".
"E se os utilizar não apenas o máximo possível, mas o mais rapidamente possível, isso é aproveitar a oportunidade, se não aproveitar em quantidade ou deixar deslizar a utilização, desperdiça em parte, pelo menos, a oportunidade", advertiu.
Já as oposições, "de um lado e do outro, têm que se reformular, porque maioria absoluta é uma situação completamente nova nos últimos anos", continuou Marcelo, indicando que "reformular significa de um lado e de outro terem de pensar qual é o seu papel no futuro, que alternativas oferecem, e a alternativa é muito importante em democracia".
"Com uma maioria absoluta, porque a maioria absoluta não é poder absoluto, é preciso que os portugueses olhem e digam: 'temos aqui alternativas para o caso de nos sentirmos cansados, de entendermos que esta solução ao fim de três legislaturas, está esgotada'. E naturalmente é isso que os partidos todos estão a procurar, mudando de lideranças, revendo estratégias, apresentando novas propostas para o futuro", defendeu o presidente da República.
"No fundo, é isso que se passa, mas era inevitável que se se passasse", considerou.
Catarina Martins anunciou hoje que vai deixar de ser coordenadora do BE na próxima Convenção Nacional bloquista uma vez que não se vai recandidatar.
Considerando que a década durante a qual esteve à frente dos destinos do BE foi de "vitórias e derrotas", a líder do partido defendeu que "o que mudou agora" foi "a instabilidade da maioria absoluta", afirmando que a crise "multiplicada dentro do Governo e em choque com a luta popular é o sinal do fim de um ciclo político".
"No Bloco não há períodos muito longos de funções como a coordenação. O que me fez decidir neste momento foi pensar que é agora que o Bloco deve começar a preparação da mudança política que já aí está", afirmou, antecipando que a mudança de liderança "vai multiplicar a energia do Bloco".