O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aproveitou a cerimónia de celebração dos 111 anos da implantação da República para voltar a avisar que o país não pode cometer os mesmos erros do passado e não pode perder a "oportunidade única" para reconstruir o país que traz o Plano de Recuperação e Resiliência.
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Foi um presidente da República crítico em relação às oportunidades perdidas no passado e com uma grande preocupação no pensamento, que não se tem cansado de repetir, que falou aos portugueses na sessão solene do 5 de Outubro, que decorreu, esta terça-feira, no Salão Nobre da Câmara de Lisboa.
"Desta vez, falhar a entrada a tempo é perder uma oportunidade que pode não voltar mais", vincou Marcelo Rebelo de Sousa, referindo-se aos 17 mil milhões de euros que o País vai receber no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Uma "oportunidade única e irrepetível", deixou claro, exortando o País à união e à capacidade para acompanhar o novo ciclo económico, que traz desafios como a transição energética e digital, a aposta no conhecimento e o combate às alterações climáticas. "Não a podemos perder, não a vamos perder!", afirmou, ao encerrar uma cerimónia que se prolongou por meia hora. É que, para o chefe de Estado, o novo ciclo económico que aí vem é uma oportunidade para se reconstruir o País depois da pandemia. "Queremos um Portugal mais inclusivo", disse, pedindo menos pobreza e reiterando que os apoios do PRR têm que ser usados "com rigor e transparência".
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Antes, o presidente da Câmara de Lisboa em funções tinha feito o mesmo apelo à unidade nacional e à capacidade de se "construir pontes", mantendo-se o exemplo da união interpartidária que se conseguiu no combate à pandemia. É que, para Fernando Medina, só assim é que se consegue enfrentar o "desafio maior" que o País enfrenta: o do combate às alterações climáticas.
"É um desafio moral, um dos maiores desafios da nossa democracia", declarou o autarca socialista, considerando que não responder a esse desafio será mesmo "um crime".
Tal como Marcelo Rebelo de Sousa, que exortou para que o 5 de Outubro se mantenha como uma "data viva", Fernando Medina lembrou os valores da república, considerando que são essenciais no combate ao populismo, que põe em causa a democracia. Medina pediu, assim, que não se caia "na armadilha de se responder com radicalismo e populismo" ou no "voto fácil". "Temos que ser exemplares na observância da ética republicana", afirmou, para terminar com uma passagem de testemunho simbólica ao presidente eleito, Carlos Moedas.
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A cerimónia do 5 de outubro arrancou às 11 horas desta terça-feira com a chegada do presidente da República aos Paços do Concelho de Lisboa, que hasteou a bandeira, na varanda do salão nobre, ao som do Hino Nacional tocado pela Banda da Guarda Nacional Republicana.
Também participaram na cerimónia o presidente da Assembleia da República Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro António Costa, além do atual Executivo e o presidente eleito da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas.