Cinco meses após Marcelo Rebelo de Sousa ter atirado para mais tarde uma resposta ao pedido para se pronunciar sobre o caso das gémeas lusobrasileiras perante a comissão parlamentar de inquérito, o Chega apresentou um novo requerimento para que o presidente da República seja ouvido.
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Entre outros argumentos, Marcelo afirmou, em julho, querer esperar pelo “número elevado de cidadãos” que faltava ouvir. O Chega diz não haver motivo para esperar e que Marcelo é essencial à “obtenção de esclarecimentos indispensáveis para a plena descoberta” do caso.
“Torna-se fulcral proceder a todas as diligências necessárias para a descoberta da verdade, devendo serem tomadas as diligências para convidar novamente o presidente da República a esclarecer, de forma clara, perante o interesse público, em condições de igualdade com os demais cidadãos convocados, que já esclareceram as suas versões sobre os factos”, diz a bancada na missiva ao presidente da comissão, Rui Paulo Sousa.
Insistindo que já passaram cinco meses após o seu requerimento de 31 de julho e a resposta que Marcelo deu então ao presidente da Assembleia, Aguiar-Branco, o Chega nota que “a maioria das audições já foi realizada, restando apenas um número reduzido para concluir”.
Gerou “especulação”
Por isso, “é expectável que, em breve, sejam ouvidas todas as partes convocadas, facto que torna premente uma resposta clara e inequívoca sobre a pretensão do presidente da República em se pronunciar perante a comissão”. Para o grupo parlamentar, o pedido é ainda mais pertinente perante declarações de Marcelo que “alimentaram uma crescente especulação quanto à sua eventual intromissão e envolvimento nos factos sob escrutínio”.
Na resposta que enviou em julho, Marcelo justificou que já se tinha pronunciado publicamente sobre o tema. Disse apenas responder politicamente perante o povo que o elegeu e o Supremo Tribunal de Justiça, e não perante qualquer órgão ou instituição pública.
Frases de Marcelo
“O que está em causa é se o presidente da República interferiu ou não interferiu. Pediu uma cunha para que sucedesse uma solução favorável a uma pretensão de duas crianças doentes? Disse que não tinha feito isso. Se tivesse feito, tinha dito que fiz”
Novembro de 2023
“É imperdoável, porque ele [filho de Marcelo] sabe que eu tenho um cargo público e político e pago por isso (…). Não sei se ele vai ser responsabilizado, não me interessa. Essa é uma das vantagens de se cortar [relações}”
Abril de 2024
“Sendo público que um número elevado de cidadãos irá ainda ser ouvido, o presidente da República, que já se pronunciou publicamente sobre a temática em apreço, reserva a sua decisão quanto a nova pronúncia para momento posterior a todos os testemunhos, por forma a ponderar se existe matéria que o justifique”
Julho de 2024