O presidente da República condecorou Manuel Alegre com a Grã-Cruz da Ordem de Camões. O momento ocorreu durante a apresentação do novo livro do histórico socialista, que disse ter sido esta a comenda que lhe tocou "mais fundo".
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Marcelo, que não tinha anunciado que iria ao lançamento do livro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, não só apareceu como discursou. Elogiou a "coragem ilimitada" de Alegre - patente na oposição deste ao Estado Novo - e descreveu-o como mais do que um poeta lírico, frisando que foi ele a "voz" que representou o "momento épico" da luta contra a ditadura.
"Não podemos esquecer esse momento", realçou o chefe de Estado. "E, porque eu não me esqueço, correndo o risco de novamente ser heterodoxo - já o fui quando o condecorei com a Grã-Cruz de Sant'Iago da Espada -, vou condecorá-lo hoje com a Grã-Cruz da Ordem de Camões", acrescentou, recebendo uma salva de palmas.
Após receber a comenda, Alegre disse breves palavras, começando por frisar, com boa disposição, que Marcelo é "sempre capaz" deste tipo de "disparates". De seguida, admitiu que "não estava à espera" do gesto, agradecendo-o ao presidente e dizendo que tem "especialíssimo significado".
Alegre acrescentou que, dada a sua "veneração" por Camões, esta foi a condecoração que lhe tocou "mais fundo". Antes, no discurso, tinha alertado que se vivem tempos de “desconstrução da democracia” vindos de dentro da própria democracia, apelando a uma "cultura de memória contra a incultura do esquecimento".
Recentemente, recorde-se, Marcelo ouviu críticas - sobretudo à Esquerda - por ter condecorado o marechal António de Spínola. Fê-lo em junho do ano passado, não o tendo tornado público na altura.