A atual coordenadora do Bloco de Esquerda anunciou, neste sábado, que não será recandidata à liderança do partido. "A direção por mim encabeçada foi incapaz de inverter a excessiva centralização da estrutura do Bloco e gerar um novo impulso político e eleitoral", considerou Mariana Mortágua, numa carta enviada aos militantes do partido. A mesa nacional do BE reúne-se neste domingo.
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Na véspera da reunião da mesa nacional do partida, a deputada única do Bloco de Esquerda enviou uma missiva a todos os aderentes, por e-mail, a comunicar a decisão de não ser recandidatar à liderança do partido, cargo que ocupa desde maio de 2023. "Comunico-vos que decidi não me candidatar a um novo mandato de coordenadora do Bloco de Esquerda. Tomo esta decisão com a tranquilidade que me deu o constante apoio de todos os meus camaradas ao longo de todo este tempo. Faço-o por acreditar que o Bloco beneficiará de ter, na coordenação e no parlamento, pessoas com melhores condições do que aquelas que hoje tenho para dar voz ao partido. Caberá a cada uma das moções presentes à próxima Convenção apresentar as suas alternativas de direção. A pluralidade reforça-nos", pode ler-se na carta a que o JN teve acesso.
No texto, Mariana Mortágua começou por assumir que o objetivo de "encontrar outros caminhos" após o "colapso da maioria absoluta do PS" e o reforço da Direita e extrema-direita "não foi cumprido", reconhecendo a perda de eleitorado. "Considero que esse objetivo não foi cumprido. Não apenas porque continuou a redução do espaço eleitoral do Bloco, mas também porque a renovação que então fizemos não se revelou suficiente para relançar a nossa intervenção social", indicou.
No entender da atual coordenadora do BE, a "precipitação de sucessivas campanhas eleitorais" dos últimos dois anos e meio "tirou espaço e tempo" à reflexão interna do partido, prejudicando "uma transformação efetiva do funcionamento do Bloco". Mortágua admitiu que a estratégia utilizada não foi capaz de "neutralizar" as "empenhadas campanhas de ódio" dos adversários políticos e reconheceu que o Bloco, bem como a Esquerda no geral, atravessa "um período difícil".
No texto, Mortágua assegurou que continuará no partido, "nos combates do trabalho, da casa, contra as guerras e pela autodeterminação dos povos do Mundo". A líder do Bloco anuncia a decisão num momento particularmente difícil para o partido, que obteve o pior resultado de sempre nas legislativas - só conseguiu eleger Mariana Mortágua -, seguido de outro complicado momento nas autárquicas, em que perdeu todos os vereados em nome próprio. O futuro do partido deverá sair da convenção, que terá lugar nos dias 29 e 30 de novembro.

