O presidente da República deu, este sábado ao final da tarde, posse ao novo ministro da Saúde, Manuel Pizarro. O socialista substitui Marta Temido, que se demitiu do cargo no final de agosto. A ex-ministra esteve presente na cerimónia, no Palácio de Belém, e anunciou aos jornalistas que vai assumir o lugar de deputada na bancada socialista da Assembleia República. Temido confirmou que a morte de uma mulher grávida motivou o seu pedido de demissão.
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Após a cerimónia em que Manuel Pizarro se tornou oficialmente o novo ministro da Saúde, Marta Temido confirmou aos jornalistas que foi a morte de uma mulher grávida que motivou o seu pedido de demissão. "A explicação foi dada ao primeiro-ministro na noite em pedi a cessação de funções. Entendi que era um episódio, que não tendo direta ligação com o desempenho assistencial do Serviço Nacional de Saúde (SNS), era de uma gravidade tal que era necessário que houvesse uma responsabilização", disse.
De recordar que uma mulher de nacionalidade indiana de 34 anos, grávida de 31 semanas, morreu após ter sido transportada do Hospital de Santa Maria para o Hospital São Francisco Xavier, ambos em Lisboa. A primeira unidade não tinha vagas em Neonatologia para o bebé. Durante a viagem entre os dois hospitais, a mulher teve uma paragem cardiorrespiratória. Foi sujeita a uma cesariana de urgência, mas viria a falecer dias depois. A 30 de agosto, quando foi conhecido o caso, Marta Temido apresentou o seu pedido de demissão.
Questionada pelos jornalistas se continuará na política, a ex-governante adiantou que vai assumir o lugar de deputada pelo Partido Socialista (PS) na Assembleia da República. Marta Temido foi eleita pelo círculo de Coimbra nas últimas legislativas, que decorreram em janeiro deste ano. "A política não é necessariamente só um exercício que se faça no palco ou na exposição, é um exercício de cidadania. (...) E eu tenho a política dentro de mim", acrescentou.
A ex-governante afirmou não ter "amargos de boca" com ninguém, mas assumiu que a forma como o setor da Saúde "perspetivava a ministra da Saúde era como fazendo mais parte do problema do que da solução". Temido disse ainda não ser o tempo para fazer avaliações, acrescentando que a pasta que tutelava é uma "tarefa exigente". Não deixou conselhos ao ministro Manuel Pizarro. "Desejo-lhe as maiores felicidades porque é um trabalho muito importante".
Secretários de Estado conhecidos nos próximos dias
Minutos antes, o novo ministro disse não estar ainda em condições para falar em questões "mais substanciais", como quem vai ficar à frente da direção executiva do SNS. Manuel Pizarro remeteu mais intervenções para os próximos dias, altura em que serão também conhecidos os secretários de Estados que o irão acompanhar. António Lacerda Sales e Fátima Fonseca, secretários de Estado durante o mandato de Marta Temido, cessaram as funções nos respetivos cargos, confirmou o primeiro-ministro António Costa.
"Se não me sentisse confortável não poderia tomar hoje posse neste lugar", referiu. Sobre os elogios deixados pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, que destacou o conhecimento do recém-empossado ministro, Pizarro disse "só pode ficar satisfeito". Relativamente ao SNS, o governante afirmou ser preciso "utilizar da forma mais eficaz os recursos".
Também o primeiro-ministro admitiu a necessidade haver mudanças na organização e na gestão do serviço público de saúde, algo em que a direção executiva do SNS irá trabalhar. António Costa apontou que a escolha da equipa daquele organismo só poderá ser feita após promulgação do diploma pelo presidente da República. O chefe de Governo apontou que o orçamento do SNS aumentou 40% e os profissionais a trabalhar no serviço público de saúde registaram um crescimento de 20%.
A tomada de posse de Manuel Pizarro contou a presença de alguns ministros, como o da Economia e a da Justiça, e de figuras como a diretora-geral da Saúde Graça Freitas. Marcelo Rebelo de Sousa deu um abraço prolongado a Marta Temido no final da cerimónia, depois de receber um cumprimento do primeiro-ministro.