Nos hospitais cujos serviços de urgência de obstetrícia e blocos de partos vierem a ser encerrados poderão ser implementadas consultas abertas para dar resposta a grávidas com episódios agudos não urgentes. É uma das propostas do relatório do grupo de peritos nomeado pelo Governo para estudar a reorganização daquelas unidades e que identificou "seis hospitais onde tecnicamente não há risco" para a saúde de utentes e bebés se os serviços fecharem.
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Debaixo de um coro de críticas desde que foram conhecidos os hospitais em que as maternidades podem ser encerradas, o ministro da Saúde reiterou esta sexta-feira que as decisões só serão anunciadas "daqui a alguns meses" e terão "toda a sustentação técnica". "Recebemos um relatório preliminar que exige uma visita cuidadosa a cada instituição, um diálogo com os profissionais, um diálogo com as instituições, desde logo com a Ordem dos Médicos. Estamos num trabalho preliminar e daqui a alguns meses anunciaremos as decisões", disse Manuel Pizarro.
Os hospitais identificados no estudo são Famalicão e Póvoa de Varzim, no Norte, Castelo Branco e Guarda, na região Centro, e Barreiro e Vila Franca de Xira, em Lisboa e Vale do Tejo.
Ao JN, o coordenador do grupo de trabalho reconheceu que "foram identificados seis hospitais cujo eventual encerramento do bloco de partos e serviço de urgência seria seguro para mulheres e bebés". "O que não significa que vão encerrar" porque essa decisão cabe ao Governo, ressalvou.
O número de partos, a capacidade dos hospitais à volta para responderem a um acréscimo de partos, a constituição das equipas, as distâncias de segurança (menos de 40 minutos entre hospitais e também entre as localidades e as urgências) e a existência ou não de cuidados intensivos e intermédios neonatais foram critérios que sustentaram a recomendação.
Casos menos urgentes
Mas, realçou Diogo Ayres de Campos ao JN, "o documento é muito mais abrangente do que a concentração de serviços". Entre as soluções, está a possibilidade de criar nos hospitais onde as maternidades poderão encerrar um atendimento para casos menos graves, semelhante à consulta aberta dos centros de saúde. "Se concentrarem urgências, as consultas abertas podiam manter-se nos hospitais de origem para situações agudas, mas não urgentes", explicou o obstetra.
Diogo Ayres de Campos adiantou que está a ser feito um trabalho com a Direção-Geral da Saúde para informar a população sobre as situações que exigem observação na urgência e aquelas que podem ser atendidas nas tais consultas abertas. Como os centros de saúde não têm obstetras, seriam os hospitais a oferecer esta resposta, que tem a vantagem de exigir menos profissionais de saúde e de retirar peso às urgências de obstetrícia.