Os hospitais desconhecem o documento. Nas autarquias, há "indignação e receio" de um lado, "confiança" no novo titular da pasta da Saúde do outro. Em causa, a proposta dos peritos que aponta para o encerramento de seis urgências de obstetrícia e ginecologia para dar resposta à falta de especialistas no Serviço Nacional de Saúde.
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"Desconhecemos o documento, por isso não vamos comentar". A resposta do Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde (CHPV/VC) repete-se nas restantes unidades. Os hospitais garantem não ter sido ouvidos pela Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia/Obstetrícia e Bloco de Partos e dizem ter sido "apanhados de surpresa".
A proposta, segundo o jornal Expresso, apontará para o encerramento em Vila Franca de Xira, Barreiro, Covilhã e Castelo Branco. A RTP garante que é a Guarda - e não a Covilhã - e junta-lhe Póvoa de Varzim e Famalicão. O Ministério da Saúde não esclarece, mas, ao que tudo indica, a proposta estará já nas mãos de Manuel Pizarro.
Em setembro, o coordenador da Comissão, Diogo Ayres de Campos, já admitia o fecho de maternidades para concentrar recursos e dar resposta, no curto prazo, à falta de especialistas.
Autarcas prometem luta
O presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, considera o encerramento "completamente descabido" e "estranha" uma proposta feita sem ouvir o hospital e a autarquia. O hospital fez, em 2021, 317 partos. Na Guarda, nasceram no ano passado 474 bebés. Sérgio Costa já pediu uma reunião urgente a Manuel Pizarro e diz que, caso seja necessário, autarcas, deputados e população "marcharão sobre Lisboa".
Quem também quer ser recebido, "com urgência", pelo ministro da Saúde são os autarcas dos quatro concelhos servidos pelo Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM). "Não fomos ouvidos e a presidente do conselho de administração do CHBM também diz não ter qualquer informação", explicou, ao JN, o autarca do Barreiro, Frederico Rosa. O CHBM, lembra, serve mais de 200 mil habitantes e faz 1500 partos por ano.
Em Vila do Conde, Vítor Costa acredita que a proposta "não terá eco no Ministério da Saúde". Acredita em Manuel Pizarro e no "conhecimento profundo" que o ministro tem da realidade local. No CHPV/VC, a fama do serviço traz gente de longe. Em 2021, houve 1470 partos, mais de metade de grávidas vindas de fora dos dois concelhos.
Em Famalicão, o presidente da Câmara, Mário Passos, vai reunir com o ministro na próxima semana. Só depois falará. Em Vila Franca de Xira, Fernando Ferreira também não quis comentar sem conhecer o documento.