Nuno Melo desmontou esta sexta-feira os argumentos da atual liderança do CDS-PP, que deu o exemplo de Paulo Portas para prosseguir o mandato e recusar um congresso antes das legislativas. O eurodeputado lembrou, ao JN, o momento em que Portas decidiu antecipar em dois meses o conclave centrista, após Manuel Monteiro ter pedido que se demitisse da liderança e que marcasse um congresso extraordinário na sequência dos resultados eleitorais de 2001.
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O adversário de Francisco Rodrigues dos Santos reagiu, desta forma, às declarações da porta-voz do CDS-PP, Cecília Anacoreta Correia, após a comunicação ao país por parte do presidente da República, que anunciou legislativas a 30 de janeiro. Questionada sobre o facto de o mandato do líder, de dois anos, terminar antes das eleições (a 26 de janeiro), deu o exemplo do antigo líder Paulo Portas, que teve "vários mandatos que ultrapassaram largamente os 24 meses".
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Nuno Melo acusou a direção de falsear os factos. E destacou ao JN que Portas fez precisamente "o contrário" do que está a fazer o atual líder centrista. Na altura em que a direção afirma que Portas adiou o conclave, "não havia candidatos" à liderança, sublinhou Melo. E quando anunciou a antecipação do congresso de 2002, em dois meses, foi quando tinha a oposição de Manuel Monteiro, recordou o eurodeputado.
O candidato à liderança do partido refere-se ao congresso do CDS-PP que deveria realizar-se em março de 2002. Contudo, face aos resultados eleitorais (no ano da demissão de António Guterres perante o desaire nas autárquicas), o ex-presidente do PP, Manuel Monteiro, veio de imediato pedir a demissão de Paulo Portas e a convocação de um congresso extraordinário. "Vou preparar esse congresso com outros olhos", disse Monteiro, que se manifestou pronto para uma aliança com o PSD.
Paulo Portas anunciou que seria recandidato e que antecipava o congresso, após ter perdido seis câmaras e ter diminuído quase para metade a votação do CDS nas autárquicas.
Noutro momento, Portas anunciou a decisão de antecipar as eleições internas previstas para abril de 2009, dois anos após as diretas em que derrotou José Ribeiro e Castro, histórico centrista que agora tem vindo a público defender Francisco Rodrigues dos Santos. A antecipação de calendários, quando não previa qualquer adversário nas diretas, permitiria aproveitar o fôlego obtido com o bom resultado nas eleições dos Açores e arrumar a casa antes dos processos eleitorais daquele ano.