"Ambição, estabilidade e ética" são "causas" com que Marques Mendes concorre às presidenciais e que adiantou este domingo no último comentário na SIC. A poucos dias de lançar a candidatura, diz que "ser o primeiro não é relevante", as ideias são mais importantes. Já o país não pode andar sempre em eleições antecipadas.
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"Não é o calendário que me preocupa, são as ideias", "ser o primeiro ou o segundo" não é "nenhuma questão relevante", respondeu o conselheiro de Estado, questionado sobre se faz diferença antecipar-se nesta corrida às eleições de janeiro de 2026. No leque dos três maiores partidos, Mendes é apoiado pelo PSD, o PS ainda vai decidir o candidato a apoiar, destacando-se António Vitorino nas preferências, e André Ventura vai apresentar a sua candidatura no dia 28 deste mês.
"As ideias são muito mais importantes do que os calendários", reforçou o antigo ministro e líder do PSD, que vai apresentar a candidatura à Presidência da República na próxima quinta-feira, dia 6 de fevereiro, em Fafe, onde foi vice-presidente da Câmara aos 19 anos. A apresentação será no auditório da Misericórdia que tem o nome do seu pai, António Marques Mendes.
"Achei que ia ser útil ao país"
"É um dia difícil para mim", afirmou na despedida, quando fazia o seu último comentário no seu espaço semanal na SIC. Destacou que tomou a decisão de avançar após ponderar muito bem, conversar com muita gente e por ter concluído que "ia ser útil ao pais". E adiantou várias ideias-chave.
"Ambição, estabilidade e ética" são as causas que diz ser necessário desenvolver em Portugal e que irão guiar a sua candidatura e mandato em Belém, se for eleito. "É uma doença a pouca ambição, é quase um país conformado", sublinhou.
Não "passar a vida" em crises políticas e eleições
Além disso, no que toca à estabilidade, defende que "não podemos passar a vida em crises políticas e eleições antecipadas", como na Madeira com sufrágios "de seis em seis meses".
Quanto à ética, recordou que tomou no PSD, de que foi líder, "decisões difíceis" que quase ninguém apoiava no partido, precisamente "no domínio da ética".
"Não se resolve com populismo"
"Mas é preciso ir mais longe", defendeu, quando parte dos portugueses está "farta" da classe politica. Um problema que "não se resolve com populismo", mas com maior apelo à ética "para que as pessoas voltem a confiar" nos políticos e na política. Nestes domínios, defendeu que "o presidente tem um poder de pedagogia que pode ser muito importante".
Confiança de Mendes "é total"
Mendes escusou-se a comentar os potenciais adversários, como Gouveia e Melo que surge como favorito nas sondagens. E disse que o grau de confiança com que avança na corrida a Belém "é total".
Quanto à sua decisão, que tomou "após muita ponderação", destacou "dois sentimentos: humildade e determinação". Notando que em democracia se perdem e ganham eleições, sublinhou que obviamente avança "para tentar ganhar". Mas "qualquer combate desta natureza é sempre difícil". Dificuldade que diz ver como "estímulo e incentivo".
Polémica sobre números da PSP em Lisboa "exagerada"
No último comentário, um dos assuntos que comentou foi a polémica em torno dos números da criminalidade em Lisboa, após a PSP ter divulgado a segunda maior descida numa década e Carlos Moedas, presidente da Câmara, ter insistido que é preciso reforçar os meios policiais porque a criminalidade está mais violenta.
Marques Mendes considerou que a polémica "foi exagerada" e considou "natural" os autarcas, seja Lisboa ou outro concelho, pedirem mais policiamento de proximidade para as suas populações. Quanto ao facto de Moedas continuar a defender meios e manifestar preocupação, mesmo perante a descida anunciada pela PSP, o comentador disse que "não são posições contraditórias".
Sobre a demissão de Hernâni Dias do Governo, diz que "fez bem", tal como o primeiro-ministro "ao aceitar". Sobre o caso do agora ex-secretário de Estado, vincou que acabar com sociedades antes de ir para o Executivo é natural, o que não é normal "é criar sociedades depois de estar no Governo". Aguarda agora pela audição de Hernâni Dias no Parlamento esta semana.