Numa semana de audições que prometem adensar a polémica, as atenções viram-se sobretudo para Mendonça Mendes, secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro que é chamado, na terça-feira, a esclarecer a conversa que João Galamba diz ter existido entre ambos e qual o envolvimento de António Costa na decisão de chamar as secretas. No mesmo dia, o ex-ministro Pedro Nuno Santos está de regresso ao Parlamento para ser ouvido sobre a TAP e a indemnização a Alexandra Reis.
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A Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias tem agendada para terça-feira, às 15 horas, a audição do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro sobre a sua intervenção no contexto da recuperação pelo Serviço de Informações de Segurança (SIS) de um computador na posse do ex-adjunto do gabinete do ministro das Infraestruturas, a requerimento potestativo da Iniciativa Liberal.
António Mendonça Mendes vai finalmente dar explicações, quando os outros membros do Governo citados por João Galamba, a propósito das conversas que ocorreram na noite de 26 de abril, já confirmaram esses contactos.
Antes de mais, o secretário de Estado Adjunto de Costa terá de responder se existiu ou não a conversa a que João Galamba se referiu e qual o seu teor. Para além de explicar se pediu ao ministro das Infraestruturas para envolver as secretas, Mendonça Mendes será chamado a esclarecer se comunicou, e quando, essa conversa ao primeiro-ministro. Mas a Oposição não ficará por aqui e vai perguntar ao governante se Costa deu autorização ou mesmo indicações para que fosse chamado o SIS na noite de 26 de abril.
Na passada quinta-feira, António Costa garantiu que a intervenção das secretas na recuperação do computador levado por Frederico Pinheiro não envolveu qualquer autorização sua nem resultou de sugestão do seu secretário de Estado Adjunto. Essa posição consta das respostas do primeiro-ministro ao requerimento do PSD com 15 perguntas sobre a atuação do SIS.
Pedro Nuno Santos rompe silêncio
Esta semana, também há audições marcadas na comissão de inquérito à tutela política da gestão da TAP e na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.
A comissão de inquérito tem três audições a antigos ministros. Esta segunda-feira, às 18 horas, é a vez de Mário Centeno, ex-ministro das Finanças. No dia seguinte, pelas 17 horas, será ouvido João Leão, que também teve a tutela das Finanças. Já na quarta-feira, os deputados vão pedir explicações a António Pires de Lima, antigo ministro da Economia, numa audição marcada para as 14 horas.
Por sua vez, a Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação ouve, esta terça-feira, às 10.30 horas, Pedro Nuno Santos, ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação, sobre a situação da TAP no período 2015-2023 e privatização da empresa, a requerimento do PSD. Pedro Nuno Santos também é uma das figuras mais esperadas na comissão de inquérito, onde vai ser ouvido no dia 15 de junho. No dia seguinte, será a vez do atual ministro das Finanças, Fernando Medina.
O antecessor de João Galamba nas Infraestruturas terá de dar explicações à comissão de inquérito à gestão da TAP sobre o pagamento da indemnização de 500 mil euros à ex-administradora Alexandra Reis. Em dezembro, Pedro Nuno Santos demitiu-se após as notícias de que Hugo Mendes, seu secretário de Estado das Infraestruturas, foi informado do acordo de Alexandra Reis com a TAP.
A Oposição deverá aproveitar ainda para questionar o ex-ministro sobre as pressões de Hugo Mendes junto da ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, alegadamente para a mudança de um voo onde seguiria o presidente da República.
Na Comissão de Economia, os deputados esperam que Pedro Nuno Santos possa ajudar a clarificar os contornos da privatização da TAP, uma vez que era ministro quando se soube que o Governo remeteu ao Ministério Público as conclusões da auditoria interna realizada na TAP sobre o negócio da compra de aviões, que terá contribuído para financiar a privatização.