Metade do excesso de óbitos na pandemia foi acima dos 85 anos e covid não explica tudo
Estudo do INSA à mortalidade em 2020 e 2021 revela picos por doenças cardíacas, cerebrovasculares e diabetes no período crítico do SARS-CoV-2. Investigadores alertam para impacto das medidas restritivas na população idosa e nos doentes crónicos.
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Nos primeiros 22 meses de pandemia, dos 21.423 óbitos em excesso estimados, 90% tiveram como causa direta a covid. Com impacto acentuado nos maiores de 85 anos, com quase metade das mortes em excesso. Mas onde o peso da covid foi menor (85%). Nos óbitos por outras causas, registou-se um acréscimo, na grande vaga pandémica, na passagem de 2020 para 2021, das mortes por doenças cardíacas, cerebrovasculares ou diabetes, sem explicação comprovada e que merece ser analisada. Anunciado em 2022, são estas as principais conclusões do estudo do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) ao impacto da pandemia na mortalidade naquele período.
De acordo com o estudo, coordenado por Ana Paula Rodrigues e Baltazar Nunes e a que o JN teve acesso, 90% da mortalidade em excesso “foi diretamente atribuída à infeção por SARS-CoV-2”. Das quase 21.423 mortes em excesso, 49% ocorreram na faixa acima dos 85 anos. Contudo, a proporção dos óbitos por covid seguiu tendência contrária, com 85% das 10.313 mortes a mais naquele grupo etário atribuíveis à covid. Quando, nos 65-74 anos, 95% das 2.480 mortes em excesso tiveram como causa direta o SARS-CoV-2.