Milhares de professores avisam que não vão parar de lutar e pedem demissão de ministro
"Não paramos" e "não há ilegalidades" são dois dos gritos mais entoados na Marcha pela Escola Pública que se está a realizar em Lisboa está tarde. André Pestana, líder do S.T.O.P, prometeu um "oceano" de pessoas a descer a avenida da Liberdade e conseguiu.
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São muitos milhares quase a recordar os protestos de 2008. "Enquanto não mudar a escola vai lutar". Os slogans sucedem-se e as frases contra as tentativas de "desunião" das diversas classes que trabalham nas escolas ou as suspeitas de greve ilegal e desproporcional invocadas pelo ministro da Educação são mensagens privilegiadas. "Nós não vamos parar enquanto ele não nos escutar" é um dos exemplos que se refere as reuniões retomadas dia 18 e a possibilidade de prolongamento da greve por tempo indeterminado para já prevista até final do mês.
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Pedro Correia, professor de Educação Física, com 26 anos de serviço está entre os que estão "bloqueados" no 4.º escalão da carreira. Reclama a contagem integral do tempo de serviço, fim das quotas na avaliação e de vagas no acesso ao 5.º e 7.º escalões, a revisão dos salários e a integração de todos os docentes na caixa geral de aposentações. "Lutamos por um futuro melhor", resume ao JN.
"Um professor vale mais do que 10 ao ♾️ ministros", lia-se no cartaz de Marina Pinheiro, que a professora de Matemática escreveu depois de ouvir João Costa se referir à "greve desproporcional" e dar o exemplo de uma mãe médica que abandonou o bloco de operações para ir buscar a filha que não tinha tido aulas devido à paralisação. "Todos sabem que é mentira". E "é por isso que não deixo de ser professora: trabalho para que os meus alunos sejam pessoas esclarecidas que nunca deixem de pensar pelas suas cabeças". Com 27 anos de serviço, a docente está no 5.º escalão e "sabe que nunca vai chegar ao topo da carreira".
A expectativa quanto aos protestos, frisa, "é que finalmente percebam que nós somos essenciais e que a escola privada não é a solução".
Garcia Pereira e Raquel Varela juntaram-se aos protestos. Do palco móvel o advogado defendeu que a luta dos professores "é mais do que justa" "contra a arbitrariedade, arrogância e a política do terror e do medo". "Até já encomendaram um parecer cujo sentido já conhecemos antecipadamente", pedido aos advogados do Estado, criticou referindo-se aos pedidos de parecer feitos pelo Ministério da Educação.
A PSP estimou que estarão presentes entre 30 mil a 40 mil manifestantes. A organização, porém, diz estarem 100 mil pessoas. "Nós sabemos fazer as contas: estão mais de 100 mil pessoas. Pela escola pública!", ouviu-se quando a cabeça da manifestação chegou à Praça dos Restauradores quando ainda estão autocarros a chegar ao Marquês de Pombal, garantiu André Pestana aos manifestantes do palco móvel que desceu a Avenida da Liberdade.
"Desta vez ninguém nos engana, se Costa não recuar voltamos para a semana", gritaram. "Há mais de 100 autocarros parados a ser revistados pela polícia", disse o líder do STOP, explicando estar a ler uma mensagem que recebeu. "Colegas com contacto com quem está a ser revistado, o doutor Garcia Pereira aconselha que tirem fotos ou façam vídeo. Precisamos de provas. Isto é um governo desesperado. Eles podem ter maioria absoluta no Parlamento mas nós temos nas ruas. Somos mais de 100mil", prosseguiu André Pestana.
De acordo com a PSP, entraram cerca de 50 autocarros em Lisboa para a manifestação.
À chegada ao Rossio, ainda com autocarros para saírem do Marquês de Pombal, manifestantes pedem demissão de João Costa. "Está na hora, está na hora do ministro ir embora, está a entoar-se. "Ministro da Educação não pode continuar a olhar para o lado, somos milhares não podem continuar sem ouvir", ouve-se.