O aumento, anunciado esta quinta-feira pelo Governo, de 60 euros no salário mínimo não chega, dizem milhares de manifestantes no Porto e em Lisboa. Isabel Camarinha, secretária-geral da CGTP-IN, alerta para "cantos de sereia" da Direita e da extrema-direita.
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O Governo acabou de anunciar um aumento de 60 euros (de 760 para 820 euros) no próximo ano, mas, este sábado, milhares de pessoas no Porto e em Lisboa deixaram claro que essa subida não chega e exigem, no mínimo, mais 150 euros para cada trabalhador. Na manifestação, convocada pela CGTP e um dos poucos protestos que não foram adiados após a demissão do primeiro-ministro António Costa, a líder da confederação sindical, Isabel Camarinha, alertou para os “cantos de sereia da Direita e da extrema-direita”, que, sobretudo em período pré-eleitoral, “fingem estar muito preocupados com a situação dos trabalhadores”.
Bombos, acordeões, cartazes, muitos cartazes e frases de luta soltas ao vento de outono com milhares a desfilar no Porto e em Lisboa para que se perceba que a vida dos portugueses não entra em standby com a crise política. Há contas a pagar no fim do mês e os salários são cada vez mais curtos face ao aumento do custo de vida.
“As pessoas estão a sofrer com um custo de vida elevadíssimo”, alerta o manifestante Francisco Alves, certo de que “a luta é uma mola que pressiona a política para resolver os problemas”. Essa é a convicção de Sandra Valverde: “Os salários não estão a acompanhar o custo de vida. O custo de vida está muito elevado para aquilo que é ordenado mínimo nacional e os salários deveriam acompanhar isso. Temos de lutar por melhores condições de vida”, concretiza.
E, por isso, é que a CGTP reclama um aumento do salário mínimo para 910 euros em janeiro de 2024 e que, durante o próximo ano, volte a subir para mil euros.
Orçamento do Estado ainda pode mudar
“Os trabalhadores estão a empobrecer a trabalhar, sejam da Administração Pública, sejam do setor privado. Temos uma desvalorização das carreiras e das profissões. Temos uma compactação das tabelas salariais que faz com que trabalhadores com muitos anos de trabalho estejam a ver o seu salário aproximar-se de um salário mínimo”, adverte Isabel Camarinha.
A secretária-geral da CGTP-IN entende que ainda há tempo e condições políticas para mudar a proposta de Orçamento do Estado, pois tanto o Governo como a Assembleia da República continuam na plenitude das suas funções.
Na marcha em Lisboa, estiveram os líderes do PCP e do BE, Paulo Raimundo e Mariana Mortágua, solidários com os manifestantes e certos de que é “mais uma chamada de atenção para o descontentamento que o país enfrenta”.