Depois da polémica em torno da desclassificação de quatro hospitais na zona norte - Póvoa de Varzim, Mirandela, Chaves e Barcelos - publicada em "Diário da República", na sexta-feira, é o próprio Ministério da Saúde a fazer uma declaração de retificação, mas Barcelos ficou de fora.
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A declaração de retificação é referente à Póvoa de Varzim, Mirandela e Chaves, mas deixa ficar a desclassificação do Hospital Santa Maria Maior, em Barcelos, que passa, assim, de hospital de urgência médico-cirúrgica para um nível inferior, o de urgência básica. A nota de correção foi dada a conhecer esta terça-feira no Portal da Saúde e a correspondente retificação já foi publicada em "Diário da República", referindo que o despacho de sexta-feira, com o cunho do ainda ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, tinha saído com "inexatidão".
Perante este cenário, o líder da concelhia PS Barcelos, Domingos Pereira, diz que o governo não tinha legitimidade para publicar o despacho do dia 20, já que se trata de um governo "demitido das suas funções". Perante um cenário de incerteza política, o governo, defende o também deputado socialista eleito por Braga, "devia-se limitar a atos de mera gestão corrente e esperar pela clarificação de um governo legítimo e legitimado" para tomar decisões. Domingos Pereira fala numa "afronta" e numa "brincadeira" para com os 155 mil habitantes de Barcelos e Esposende servidos pelo Santa Maria Maior.
"Se revogam uns e não revogam todos ainda é muito pior porque podemos considerar que há eventuais interesses privados aqui escondidos. Os despachos não podem servir de clientelas políticas". O deputado recorda que esta medida implicará a redução do valor a pagar pelos atos médicos, "o que diminuirá os fluxos financeiros do hospital, levará à perda de especialidades, como ortopedia, e a VMER deixará de estar permanentemente em Barcelos".
Também o PSD/CDS Barcelos já se mostrou descontente com o despacho de sexta-feira. O deputado social-democrata Joel Sá já requereu explicações sobre o documento, mas está "plenamente convicto" de que a situação será revertida. Por sua vez, o líder da concelhia do PSD Barcelos, José Novais, diz que é "extemporâneo fazer algum comentário" enquanto o processo não está concluído. "Pelo tipo de governo em funções e porque o despacho refere um período de monitorização e uma entrada em vigor dentro de seis meses", o PSD não dá como "consumado" que o documento venha a ser uma realidade. Porém, recorda que o despacho agora publicado é igual ao que já existia para Barcelos, embora o hospital tivesse, "de forma não formal", apoio médico-cirúrgico. "Esta desclassificação foi feita pelo PS em 2008, através do despacho 5414/2008, de 28 de fevereiro".
Entretanto, a Câmara de Barcelos aprovou, em reunião de executivo e por unanimidade, dois documentos - um do executivo PS e outro da oposição PSD/CDS - que rejeitam o despacho.