O presidente do PSD considerou, esta terça-feira, que o primeiro-ministro tem "andado a pedalar para trás" em relação à execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), porque continua a "empatar o país" com notícias, promessas e avisos.
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"Eu creio que o primeiro-ministro tem andado a pedalar para trás. E, portanto, quando se pedala para trás, normalmente fica-se no mesmo sítio. Quem anda de bicicleta sabe como é que é. E o primeiro-ministro é isso que tem feito, porque anda a empatar o país com notícias, promessas e avisos, que basta andar no território para comprovar que não estão a chegar ao terreno", disse Luís Montenegro aos jornalistas, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda.
O líder do PSD reagiu desta forma às declarações do primeiro-ministro, António Costa, que tinha defendido de manhã a importância de o país continuar focado na execução do PRR para transformar e tornar mais sustentável a economia nacional.
"É importante continuarmos concentrados e focados na boa execução do Programa de Recuperação e Resiliência", afirmou António Costa, em Alcobaça, desafiando as empresas portuguesas a "pedalar" para que o país chegue ao final do programa, em 2026, mais bem preparado "não só para enfrentar crises que o futuro" possa trazer, mas sobretudo com "mais e melhor emprego, maior rentabilidade para as empresas e uma economia mais sustentável".
O chefe do executivo, que hoje visitou a Solancis, líder da Agenda Verde do Setor da Pedra Natural, comparou o crescimento da economia a "andar de bicicleta" e manifestou a vontade coletiva de todo o pelotão continuar a pedalar para chegar à meta, em 21 de dezembro de 2026, não apenas com este setor, mas com toda a economia "estruturalmente transformada".
Em Figueira de Castelo Rodrigo, depois de visitar um criador de gado ovino e bovino e de ter participado num encontro com agricultores, no âmbito da iniciativa "Sentir Portugal", Luís Montenegro disse que António Costa "tomou a opção estratégica mais errada" sobre o PRR ao canalizar 18,2 mil milhões de euros "sobretudo para o investimento público". "Quando as empresas, as pessoas, as famílias, os pequenos produtores agrícolas estavam à espera de ter também aí um financiamento para a recuperação e resiliência do nosso tecido económico", declarou.
Luís Montenegro distinguiu depois as diferenças entre as suas deslocações pelo país e as do primeiro-ministro : "Eu estou aqui, sobretudo, a ouvir as pessoas e o primeiro-ministro anda a vender ilusões".
O líder social-democrata referiu que algumas das "ilusões" já foram repetidas no distrito da Guarda, como é o exemplo da promessa do PS em relação às obras no Terminal TIR de Vilar Formoso. "Se o primeiro-ministro, em vez de andar só a comer uns croquetezinhos e a fazer umas sessões de 'powerpoint' sobre o PRR e a apelar a que velocidade seja maior, pedalasse efetivamente...", disse, sem terminar a frase e sustentando que o Governo tem que "controlar o pedalar do país".
Na sua opinião, António Costa está a regressar à primeira década do século em que José Sócrates era primeiro-ministro e "havia umas tendas que andavam de terra em terra e que faziam várias apresentações" e "onde foram prometidos mundos e fundos para toda agente". "O doutor António Costa está a regressar àquela primeira década deste século quando um outro governo socialista de que ele também fez parte, e que ele depois apoiou efusivamente, como número dois do PS, também vendeu essa ilusão a Portugal", vincou.
A concluir, disse que o PRR é importante, mas vê os outros países da Europa a "tirarem real proveito desse financiamento" e Portugal "a pedalar para trás e a estar sempre no mesmo local".
Montenegro acusa Santos Silva de ser "o maior cúmplice político do Chega"
O líder do PSD acusou o presidente do parlamento de ser "o maior cúmplice político do Chega" e reafirmou que pretende ser "alternativa de Governo" e não se "distrair com as conversas que interessam ao PS".
Luís Montenegro reagia às declarações de Augusto Santos Silva no novo 'podcast' do Grupo Parlamentar do PS em que este sugeriu haver uma cumplicidade do PSD com o Chega.
Para o presidente do PSD, Santos Silva está "a regressar à sua condição de inveterado socialista e a olhar-se ao espelho, porque ele é, objetivamente, o maior apoio político, o maior cúmplice político do Chega, com todos os episódios que vai acumulando no parlamento para precisamente enaltecer o papel do Chega". O presidente do parlamento e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros "decidiu regressar àquela versão mais de 'malhar' nos outros", acusou. "É aquilo que, basicamente, querem dizer as duas declarações. Eu registo", acrescentou.
O líder social-democrata não poupou nas palavras, chegando a sugerir que Santos Silva "está a tentar conquistar um espaço dentro da esquerda portuguesa para poder, dessa forma, ter um trampolim para uma outra aventura política", numa alusão a uma candidatura às presidenciais de 2026. "Aquilo que eu posso dizer e registar é que o doutor Santos Silva quer 'virar o bico ao prego'. O cúmplice do Chega, neste país, é o PS e é o doutor Santos Silva em particular", insistiu.
Luís Montenegro procurou, por outro lado, contornar a questão de um possível futuro entendimento entre o PSD e o Chega e do repto lançado pelo líder daquela partido, André Ventura, para um acordo que possibilite retirar o PS do Governo. "O PSD é a alternativa de Governo ao Partido Socialista e não se vai desfocar desse objetivo. Eu estou aqui para ser primeiro-ministro. E estou aqui para ganhar eleitores ao Chega, à Iniciativa Liberal, ao PS. Ao Partido Comunista e ao Bloco de Esquerda não tenho tantas esperanças. Confesso, sou mais realista nesse campo", disse.
O líder social-democrata considerou ainda que a questão dos entendimentos entre o PSD e o Chega só interessa aos socialistas e ao primeiro-ministro. "Estou aqui para ser alternativa ao PS. Não estou aqui para me distrair com as conversas que interessam ao PS, ao doutor Santos Silva, ao doutor António Costa e a todas aqueles acólitos que hoje acompanham estas duas figuras, primeiro-ministro e presidente da Assembleia da República, no PS", frisou.
No "podcast" do Grupo Parlamentar do PS, que foi hoje para o ar, Augusto Santos Silva rejeita estar a beneficiar o Chega quando trava debates direitos com aquele partido e acusa o PSD de ser cúmplice de André Ventura. "Quem critica, quem combate, quem trava, é cúmplice? Então, o que se chamará a quem não critica, não combate, nem trava e até diz que está disponível para acordos? Se os primeiros são cúmplices, o que devemos chamar aos segundos?", questionou Santos Silva, numa alusão à atual direção do PSD.
Montenegro diz que falta "peso político" à ministra da Agricultura e ação no ministério
Montenegro considerou que falta em Portugal "uma força com vontade política clara e inequívoca e com capacidade de ação" no Ministério da Agricultura e disse que a ministra "não tem peso político". "Eu pude comprovar, mais uma vez, que falta em Portugal uma força com vontade política clara e inequívoca e com capacidade de ação no Ministério da Agricultura", disse Luís Montenegro aos jornalistas, em Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda, depois de visitar um criador de gado ovino e bovino e de ter participado num encontro com agricultores, no âmbito da iniciativa "Sentir Portugal".
Segundo o líder social-democrata, "a maior parte dos agricultores continuam a queixar-se de excesso de burocracia, de atraso nas ajudas que são prometidas, nomeadamente para fazer face aos momentos de maior problema".
Por outro lado, considerou que falta uma aposta sobre um plano nacional de regadio de apoio à agricultura, frisando que é essencial ao futuro do país, para que a soberania alimentar seja maior e para fixar pessoas no território. "Infelizmente, a ministra da Agricultura, é de todos reconhecido, não tem peso político, não tem vontade política, não tem tido nenhuma outra aparição que não seja estar sempre a dar justificação sobre episódios e casos que rodeiam o seu Ministério", declarou.
Também sublinhou que os portugueses continuam "sem saber quem será, se será, secretário ou secretária de Estado da Agricultura" e os agricultores e os autarcas "estão sem saber o que é que vai acontecer às Direções Regionais de Agricultura".
Montenegro apelou ao Governo que "deixe de estar tão fechado em si próprio, tão fechado nos seus casos, tão fechado nas suas polémicas e olhe para a vida das pessoas". "Olhe para estes milhares de agricultores que ao longo do território lutam contra grandes adversidades e que merecem apoio. Uma agricultura pujante é sinónimo de desenvolvimento do país. Uma agricultura apoiada é sinónimo de coesão territorial", disse.
O presidente do PSD realçou um dado positivo ao afirmar que há jovens na região que estão a apostar na agricultura, em particular na pecuária.