Resultado fica aquém mas dá “muito alento”, diz primeiro-ministro, que fará “tudo” para que o seu antecessor seja líder do Conselho Europeu. Ambiente foi de festa apesar do desaire.
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Desta vez, ao contrário do que ocorreu nas legislativas, a luta taco a taco até final sorriu ao PS e não à AD. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, admitiu que o resultado ficou aquém do desejado, mas recusou tirar consequências negativas: falou de um “balanço positivo” e disse que este desfecho dará “muito alento” à AD. Também revelou que fará “tudo” para que António Costa seja presidente do Conselho Europeu.
Quando questionado, o cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho, assumiu “integralmente” a derrota. No entanto, tal como com Montenegro, o tom do discurso também foi de entusiasmo. Usando a expressão que, em 2014, António Costa utilizou para disputar a liderança do PS a António José Seguro, gracejou que a coligação perdeu “por poucochinho”, arrancando gargalhadas na sala. A AD acabou com menos um deputado do que os oito do PS, mas foi preciso esperar até perto da meia-noite para o saber. Três horas antes, as primeiras projeções, mais do que indicarem quem seria o vencedor, tinham lançado a dúvida na sede de campanha, em Lisboa: o punhado de apoiantes que já estava na sala recebeu as notícias com um silêncio total. Não era um silêncio de quem assumia ali a derrota, mas sim de quem não sabia ainda bem o que pensar.
Não soube a derrota, diz Bugalho
Pelas 23.30 horas, Luís Montenegro desceu à cave do hotel para admitir a derrota: “Quero aqui assumir, como líder desta coligação, que não cumprimos o objetivo”, referiu. Ainda assim, lembrando que PSD e CDS mantém o número de deputados de há cinco anos, desta feita num contexto em que Chega e IL já não são forças “inexpressivas”.
Montenegro também confirmou que apoiará a ida do seu antecessor socialista para o Conselho Europeu: “Se o dr. António Costa for candidato a esse lugar, a AD e o Governo não só apoiarão como farão tudo para que essa candidatura possa ter sucesso”, prometeu.
O primeiro-ministro acrescentou já ter comunicado essa decisão ao próprio Costa. E que é válida mesmo que o processo judicial que envolve Costa ainda não esteja concluído, acrescentou.
Sebastião Bugalho deu conta do seu “orgulho” na caminhada, afirmando que este “não é um dia de derrota para a AD”. Ao dizê-lo, fez jus ao ambiente que se vivia na sala, de alegria e efusividade apesar do desaire. O facto de o PSD vir de quatro vitórias seguidas em eleições - legislativas, regionais dos Açores e duas regionais da Madeira, como Montenegro e Bugalho lembraram - terá tido peso no definir desse estado de espírito. A sessão fechou com os “jotas” de PSD e CDS a cantarem o hino da campanha.