O presidente do PSD considerou, esta quinta-feira, "um absurdo" a sugestão de Costa de criar um circuito entre a proposta e a nomeação dos membros do Governo, envolvendo Belém, dizendo que o primeiro-ministro tem de ser responsável pelas suas escolhas.
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Hoje, no debate da moção de censura da IL ao Governo, António Costa anunciou que irá propor ao Presidente da República um circuito para "garantir maior transparência e confiança de todos no momento da nomeação" de membros do Governo, considerando que este sistema pode ser melhorado.
Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas nos Passos Perdidos da Assembleia da República, lamentou que esta tinha sido "a grande novidade" do debate e manifestou a sua discordância.
"Constitui uma situação de desresponsabilização, é sacudir a agua do capote, é o primeiro-ministro a querer corresponsabilizar o Presidente da República pelas suas propostas", criticou.
Para Montenegro, esta ideia significa o primeiro-ministro "confessar que não capaz ele próprio de ter um crivo capaz de avaliar as condições das pessoas que convida para o Governo", além de estar a antecipar que vai continuar a ter "problemas no futuro" dentro do executivo.
"O sistema que propõe é um absurdo em si mesmo, corresponde a uma circunstância que eu não aceito: um líder de um Governo não responder ele próprio na plenitude pelas escolhas que faz, revela bem o estado exaurido em que se encontra António Costa nas funções de primeiro-ministro", afirmou.
No debate, António Costa afirmou: "Irei propor ao senhor Presidente da República que consigamos estabelecer um circuito entre a minha proposta e a nomeação dos membros do Governo que permita evitar desconhecer factos que não estamos em condições de conhecer e garantir maior transparência e confiança de todos no momento da nomeação", anunciou, em resposta à deputada única do PAN, Inês Sousa Real.
O primeiro-ministro deixou claro que falará primeiro com Marcelo Rebelo de Sousa e que depois anunciará o que vai propor "para que o circuito possa ser melhorado porque pode ser melhorado". "Eu não acho que possamos e devamos normalizar situações anómalas mesmo que sejam casos e casinhos. Têm que ser levados a sério e sobretudo tem que se dar confiança de que os levamos a sério", assegurou.
Montenegro diz que "não é bom para país" que executivo tenha "pesos políticos negativos"
O presidente do PSD considerou que "não é bom para o país" que o Governo tenha "pesos políticos negativos", afirmando que se fosse primeiro-ministro não teria convidado a secretária de Estado da Agricultura para o executivo. "Creio que qualquer português entende que não é bom para o governo, nem é bom para o país, que o governo tenha pesos políticos negativos", defendeu Luís Montenegro.
"Se eu fosse primeiro-ministro não tinha convidado uma pessoa nestas condições", considerou Luís Montenegro, depois de ter sido questionado pelos jornalistas se a secretária de Estado da Agricultura deveria sair do executivo.
Montenegro foi interrogado sobre as declarações do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que considerou hoje que a secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, "tem uma limitação política", pelo caso judicial que envolve o marido, e deveria ajuizar se tem condições para se manter em funções - antes de ser conhecida a sua demissão. "O que vem reforçar o que tem sido a nossa mensagem segundo a qual o primeiro-ministro está sem capacidade de recrutamento e sem capacidade de aferir as condições em que os membros do governo exercem a sua função", defendeu.
Na opinião do líder do PSD, "mais uma vez o senhor primeiro-ministro tem de avaliar as condições em que os membros do governo se encontram, nomeadamente, para exercer com autoridade política que é necessária, o seu mandato" "Já tínhamos alertado para a circunstância do ministro das Finanças [Fernando Medina] que está desprovido dessa autoridade e desse ponto de vista ser manifestamente um peso morto no governo", frisou.