António Costa considera que Luís Montenegro não se distanciou suficientemente do Chega, quando referiu que não teria num Governo "políticos racistas, nem oportunistas, nem populistas". Em entrevista à RTP, o primeiro-ministro e líder do PS afirmou mesmo que o PSD está condicionado pelo partido da extrema-direita.
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"O grande problema do Chega não é a dimensão eleitoral, é o que o Chega condiciona" e contamina os partidos da direta, explicou, dizendo que o PSD tem atitudes de um partido que não é institucional, incluindo no vocabulário que usa.
"Montenegro manteve equívoco", quando devia ter dito com o Chega "nada, nada, nada", porque, segundo acredita, "Montenegro quer que se distinga pouco o PSD para os eleitores do Chega. "O populismo contamina. É preciso usar máscara e vacinar-nos", afirmou, fazendo uma analogia com a pandemia.
Na entrevista, Costa recusou abordar outro dos assuntos do momento: a TAP. Costa nada disse sobre o suposto parecer jurídico, que não seria exibido para não prejudicar um possível litígio em tribunal, mas que afinal não existia. Remeteu o caso para o Parlamento, para "não interferir nos trabalhos da comissão de inquérito".
"Pedro Nuno Santos é indiscutivelmente um dos grandes quadros políticos do PS"
Sobre um possível sucessor, costa deixou elogios ao antigo Ministro das Infraestruturas. "Pedro Nuno Santos é indiscutivelmente um dos grandes quadros políticos do PS", afirmou. "A vida de um político não é uma corrida de 100 metros, é uma vida", disse ainda Costa, sublinhando que ao longo dessa vida um político "vai sendo sucessivamente avaliado".
Interrogado se o atual presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, é um bom candidato a Belém e se o PS irá desta vez apoiar um candidato a Presidente da República, António Costa respondeu: "É tudo muito prematuro. Nós não podemos estar a discutir cada coisa tudo ao mesmo tempo. A vida política tem os seus tempos próprios". "Há de chegar o momento em que se há de discutir quem é que são os candidatos [às várias eleições]", acrescentou.
Costa considera que "portugueses não estão nem aí" para a conversa de dissolução
O secretário-geral do PS considerou que "os portugueses não estão nem aí" para a conversa sobre uma eventual dissolução do parlamento e defendeu que a vontade manifestada pelos eleitores tem de ser respeitada.
Em entrevista à RTP, transmitida esta noite, na qualidade de secretário-geral do PS, António Costa sustentou que este é "um tema que está fora da agenda da vida dos portugueses" e é alimentado pela "bolha mediática" e por um "certo mundo político". "Não vamos estar aqui a criar crises artificiais. Percebo que há aqui uma direita que não consegue suportar a ideia de que este mandato parlamentar se cumpra e que não são capazes de respeitar a vontade dos portugueses. E cria-se aqui um clima artificial para procurar colocar na agenda um tema que está fora da agenda da vida dos portugueses. A minha agenda, a agenda do Governo, a agenda do PS é a agenda da vida dos portugueses", afirmou.
Questionado sobre se não lhe parece que se está a abrir o caminho a eleições antecipadas, o líder dos socialistas e primeiro-ministro retorquiu que eleições antecipadas houve há um ano, em 30 de janeiro, e os portugueses "votaram pela estabilidade quatro anos", ao dar maioria absoluta ao PS. "Temos de nos habituar, primeiro, a respeitar a vontade dos cidadãos. E a vontade dos cidadãos foi muito clara", defendeu. "O que eles disseram foi que queriam estabilidade para quatro anos, queriam um Governo que pudesse começar, desenvolver o seu trabalho e ser avaliado no final do seu trabalho. É isso que devemos fazer, em primeiro lugar", acrescentou.
Além disso, mencionou que a Constituição diz "que os mandatos são de quatro anos" e que a dissolução só deve acontecer "em situações muitíssimos excecionais, como aquelas que o Presidente da República entendeu existirem há um ano".
Dirigindo-se ao jornalista que conduziu a entrevista, Hugo Gilberto, referiu: "Se reparar, nas sondagens que têm saído há uma coisa muito interessante, é que a esmagadora maioria das pessoas nem sequer responde. Tenho visto aí sondagens em que para terem 600 e tal respostas, têm de fazer quase dois mil contactos, porque as pessoas não estão nem aí". "Acho que os portugueses não estão nem aí. Os portugueses manifestamente não querem dissolução nenhuma. Os portugueses não querem que os políticos criem problemas. O que os portugueses querem é que os políticos resolvam problemas", reforçou.