António Costa defendeu este domingo no Porto que "é preciso respeitar a vontade popular", num recado à Oposição e a Marcelo Rebelo de Sousa. A seu ver, questionar o mandato do Governo de maioria absoluta é "pôr em causa a democracia". "Não vamos tropeçar" e "vamos chegar à meta", prometeu ainda. E, porque "Roma e Pavia não se fizeram num dia", disse que o PRR não se executa num ano e que irá fazê-lo até ao final do mandato.
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"Em democracia temos o dever de honrar os nossos mandatos e cumprir os compromissos. Quando se põe em causa os mandatos conferidos pelo povo, está a pôr-se em causa a democracia. Quem quer democracia forte respeita os mandatos", atirou o primeiro-ministro nas comemorações dos 50 anos do PS.
Além disso, reafirmou a prudência que o impede de dar "um passo maior do que a perna" quando há ainda caminho para percorrer. "Mas não podemos tropeçar pelo caminho. Não haverá dois passos atrás e iremos chegar à nossa meta", assegurou Costa.
Após passar em revista medidas para diferentes setores, o primeiro-ministro reconheceu que existe um problema estrutural na habitação, explicando que a solução passa por aprovar e implementar a política do Governo.
PSD "tenta com o diabo e com o Chega"
Em seguida, deixou outro aviso. "Que não se iluda a Direita: sabemos bem que Roma e Pavia não se fazem num dia e que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não se executa num ano. Mas cá estaremos os quatro anos para executar até ao último ano e liderar a maior oportunidade que temos tido nos últimos anos", defendeu António Costa. "Acho que é por isso que eles têm bastante pressa de se verem livres de nós. Tentam tudo. Já tentaram com o diabo, agora até tentam com o Chega, mas não chegam para nós e nós chegaremos para eles porque connosco eles não passam", prosseguiu Costa.
No PRR, o Governo tem sido não só criticado pelos partidos da Oposição como também pressionado por Marcelo Rebelo de Sousa a mostrar taxas superiores de execução. Quanto ao cumprimento da legislatura, o presidente transmitiu, esta semana, a ideia de que a dissolução do Parlamento seria sempre uma má noticia mas, por vezes, as más notícias são inevitáveis. Isto apesar de afirmar que não vê alternativa forte ao PS.
"Sempre que nos desafiaram, fomos à luta e sempre que fomos à luta soubemos ganhá-la", avisou este domingo o primeiro-ministro, citando António Guterres: "dizia-nos: nervos de aço" e "isso não era pôr as mãos nos bolsos e esperar que o problema passasse" porque "os políticos não servem para criar problemas ao país, mas para os resolver".
Costa falou também de outro tema que tem estado na ordem do dia, com novo aumento de pensões em julho. "Verdadeiramente, não sei porque a Direita mente sobre as pensões. Se mente por mentir ou porque verdadeiramente não tem outra receita quando aparece uma crise que não cortar pensões, salários e direitos"; "sabemos que há sempre outra solução para as crises", criticou também, num ataque a Luís Montenegro.
"Não só não vamos cortar pensões como fizemos atualização para garantir que ninguém perde poder de compra", sublinhou, a propósito.
"A minha palavra é mesmo obrigada, muito, muito obrigada por esta extraordinária mobilização que aqui está" e que mostra um PS "unido" e "vivo", começou por sublinhar no seu discurso, em resposta às críticas que é alvo.
No Pavilhão Rosa Mota, que "diz muito" e "inspira muito o PS", Costa recordou vários momentos emblemáticos, como o encerramento da campanha para as últimas legislativas, e fez ainda uma comparação com a atleta que dá nome ao espaço, dizendo que o partido também corre "a maratona".