O líder do PSD afirmou, esta terça-feira, ter ficado "completamente chocado" com o conteúdo do relatório da comissão que estudou os abusos sexuais na Igreja Católica. Luís Montenegro mostrou-se também disponível para alargar o prazo de prescrição deste tipo de crimes: atualmente, as vítimas podem apresentar queixa até fazerem 23 anos, sendo que o PSD vai ponderar, tal como sugeriu a comissão, alargar essa possibilidade até aos 30.
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"Fiquei completamente chocado com o conteúdo do relatório nas suas mais variadas dimensões - quantitativa, qualitativa e de toda a descrição que é feita", afirmou o presidente do PSD, em Lisboa. "É verdade que o espaço temporal é alargado mas, efetivamente, é imperdoável tudo o que se passou", referiu.
"A esse choque acrescento a minha convicção de que devemos ser implacáveis na responsabilização criminal que ainda possa ser feita dos responsáveis por aquelas atrocidades", frisou, "mesmo que não haja acesso a procedimento criminal". Isto porque, no seu entender, o "respeito escrupuloso e firme" pelas vítimas faz "com que não haja prescrição humana".
Montenegro também se mostrou disponível para dar mais tempo a que as vítimas de abuso possam fazer queixa dos crimes que viveram. "Se houver algumas diligências no sentido da lei penal poder ver alargados os prazos de prescrição, nós acompanharemos essa evolução". Essa "reflexão" será feita no Parlamento, detalhou.
O líder da Oposição referiu que a hipótese de as vítimas poderem queixar-se até completarem 30 anos "é uma das possibilidades", mas que "até pode ser mais". Embora tenha dado razão à sugestão da comissão independente, disse que a questão não pode ser decidida "de um dia para o outro".
Já do ponto de vista da responsabilização interna levada a cabo no seio da Igreja, Luís Montenegro afirmou que só pode "incentivar a que não haja perdão" para quem teve este tipo de comportamento.