O líder do PSD afirmou ter ficado "admirado" com as críticas que ouviu depois de, recentemente, ter considerado "imoral" que quem trabalha ganhe menos do que quem "não faz esse esforço". Negando que estivesse a referir-se aos desempregados - falava, sim, de quem recebe prestações sociais -, Luís Montenegro considerou também "escandaloso" que o acusem de xenofobia por ter dito que o país deveria atrair, sobretudo, imigrantes que se adaptem facilmente. Sobre o facto de o presidente da República ter pedido "bom senso" quando se fala de imigração, disse acreditar que o aviso não era para si.
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"Disse e refirmo que as pessoas que trabalham não devem, numa sociedade justa e equilibrada, ter um rendimento inferior às pessoas que não trabalham", afirmou o presidente do PSD, esta terça-feira, em Lisboa. "Não falei de desempregados e muito menos de pensionistas, como vejo para aí nas redes sociais", esclareceu.
Questionado sobre qual era, então, o destinatário dessa sua intervenção anterior, Montenegro disse estar a falar "das pessoas que estão na esfera de dependência de prestações sociais", esclarecendo, contudo, que considera esses apoios "necessários para colmatar situações de absoluta vulnerabilidade humana".
"Não podemos é ter uma sociedade que incentiva a que esse número de pessoas aumente em detrimento daquelas que produzem, que trabalham", acrescentou o líder laranja. "Isto parece-me tão óbvio que até fico, sinceramente, admirado de como é que alguns dos nossos adversários políticos poderão querer deturpar estas palavras", insistiu.
"No caso da imigração, então, é mesmo escandaloso", prosseguiu Montenegro, lembrando que já defende "há cinco anos" que o país deve captar mais cidadãos estrangeiros de modo a resolver problemas de mão-de-obra. "Isto significa algum tipo de xenofobia? Em que país do mundo?", indagou, sublinhando que não fecha as portas "a ninguém".
Críticas de Marcelo? "Para mim não são de certeza"
Questionado sobre se as declarações que Marcelo Rebelo de Sousa tinha feito minutos antes lhe seriam endereçadas, Montenegro disse não ter dúvidas: "Para mim não são de certeza". E justificou: "O presidente da República é uma pessoa sensata, que me conhece bem e conhece os meus valores morais, éticos e humanos".
O líder social-democrata foi também informado que, na mesma intervenção, Marcelo tinha avisado - referindo-se a PSD e Chega - que as cópias são sempre piores do que os originais. Realçando que ainda não tinha ouvido as declarações do chefe de Estado, Montenegro não deixou, no entanto, de retorquir: "Se há alguma cópia, a cópia não é o PSD".
Confrontado com o facto de ter havido quem, no próprio PSD, considerou xenófobas as suas declarações sobre os imigrantes, o presidente laranja pediu nomes, deixando no ar que processará quem o tenha feito. "Se alguém disse isso de mim, eu se calhar tenho de agir sobre essa pessoa", atirou, dizendo não admitir "a ninguém" que lhe faça esse tipo de acusações.
Já sobre se concorda com André Ventura - que, na segunda-feira, considerou estar a existir uma "aproximação de posições" entre PSD e Chega -, Montenegro respondeu apenas: "Não".