Montenegro prevê vitórias e Esquerda (quase) toda junta em Lisboa no fecho da campanha
Os líderes do PS, Livre e Bloco estiveram esta sexta-feira juntos em Lisboa para apoiar a candidata socialista Alexandra Leitão, enquanto o secretário-geral do PCP atacou o PS e o presidente do PSD previu vitórias no domingo.
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O último dia de campanha para as eleições autárquicas de domingo trouxe à memória o período da "Geringonça", entre 2015 e 2021, quando os líderes de então do PS, Bloco de Esquerda e PCP estiveram envolvidos na mesma solução governativa.
"A Geringonça" morreu em outubro de 2021 com o chumbo do Orçamento para o ano seguinte, mas até pareceu que ressuscitou hoje, com imagens de José Luís Carneiro (PS), Rui Tavares e Isabel Mendes Lopes (Livre), Mariana Mortágua (BE) lado a lado na descida do Chiado.
Na descida do Chiado também esteve a deputada única do PAN, Inês Sousa Real, mas faltou o PCP, que não aceitou integrar a coligação da antiga ministra socialista em Lisboa.
Foto: Tiago Petinga / Lusa
Na Moita, no distrito de Setúbal, quase à mesma hora, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, atacava a gestão socialista deste município, que a CDU perdeu há quatro anos. E procurava também transmitir uma ideia de boa recetividade ao longo da campanha.
"Se os resultados eleitorais traduzissem os sinais que tenho recebido nas ruas, então nós íamos ter um resultado histórico. Sabemos que muitas vezes isso não tem tradução no voto", admitiu.
Foto: Tiago Petinga / Lusa
Maior otimismo manifestou o presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, em campanha no Porto, cidade onde vai acompanhar a evolução dos resultados ao longo da noite eleitoral de domingo.
"Vamos celebrar muitas vitórias, seguramente mais vitórias do que derrotas ou insucessos. E estou convencido de que será uma oportunidade de felicitar de viva voz e presencialmente o presidente da Câmara eleito [do Porto] que se vai chamar Pedro Duarte", declarou.
Foto: António Pedro Santos / Lusa
Já na noite anterior, em Lisboa, Luís Montenegro tinha tentado passar essa mensagem de otimismo, falando mesmo numa reeleição do atual presidente da Câmara da capital, Carlos Moedas, com maioria absoluta.
O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, começou a manhã em Sintra, onde procurou assegurar que as maiorias do seu partido nas câmaras vão respeitar as oposições.
"Temos um grande sentido da humildade democrática e essa é a razão para confiarem em nós. Podem confiar-nos as maiorias nos municípios, porque essas maiorias respeitarão a pluralidade de pensamento, a diversidade de opiniões e far-se-á com respeito pelas oposições", prometeu.
Foto: Tiago Petinga / Lusa
Em Braga, André Ventura, presidente do Chega - partido que nas autárquicas de 2021 não conquistou qualquer câmara no país -, elevou a fasquia da sua força política em relação ao ato eleitoral de domingo.
"Ganhar, o Chega vai sempre para ganhar, a meta é ganhar. Não temos outra meta que não seja ganhar. O Chega tornou-se o líder da oposição, o líder da oposição tem de querer ganhar. Em Braga, no Porto, no Algarve, em Ponta Delgada, ganhar", disse.
Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
Já o porta-voz do Livre, Rui Tavares, em Sintra, numa iniciativa de campanha em que também esteve o secretário-geral do PS, optou antes por criticar as declarações do primeiro-ministro sobre uma alegada justiça social inerente à proposta do Governo de Orçamento para 2026.
"É um orçamento com uma marca de justiça social? Não é. E [Luís] Montenegro não é um político que leva a peito e a sério a política social. O que eu tenho visto é um PSD que governa para pessoas que são parecidas com as elites que já estão no próprio PSD", sustentou.
Foto: Tiago Petinga / Lusa
Embora com uma linha de argumentação diferente, também a presidente da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão, se mostrou crítica da proposta de Orçamento apresentada pelo Governo na quinta-feira.
Mariana Leitão defendeu que a proposta de Orçamento "não muda muito" e, por isso, "é normal que o PS não tenha grandes problemas com o documento".
Em relação às eleições de domingo, Mariana Leitão afirmou-se satisfeita com a sua primeira campanha eleitoral como líder partidária e prometeu "retirar ilações" dos resultados, positivos ou negativos.