O primeiro encontro entre o líder do PSD e António Costa durou quase quatro horas e superou a duração da primeira reunião do seu antecessor, Rui Rio, com o chefe de Governo.
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António Costa e Luís Montenegro estiveram reunidos esta sexta-feira, no Palácio de São Bento, desde as 10 horas até às 13.40 horas.
Luís Montenegro, que já tinha dito que queria dar um banho de realidade a António Costa, optou por sair em silêncio do encontro. Em cima da mesa terão estado temas como a solução para o novo aeroporto de Lisboa, a ferrovia, a regionalização e, possivelmente, o regresso dos debates quinzenais.
Mesmo sem falar aos jornalistas, deste encontro fica o silêncio de Montenegro - que, ao contrário do seu antecessor, Rui Rio, não falou aos jornalistas -, e a longa conversa, que durou a manhã inteira. Em tempos de maioria absoluta, a reunião entre os dois líderes marca o início de um novo capítulo nas relações entre o Governo e a oposição.
Recorde-se que é prática comum do primeiro-ministro receber os novos líderes da oposição para debater os assuntos mais importantes e que marcam a agenda do país.
O primeiro encontro de Costa com Rui Rio, enquanto líder do PSD, foi a 20 de fevereiro de 2018 e durou quase 2.30 horas. Em cima da mesa estiveram principalmente os temas da descentralização e o futuro do quadro comunitário, mas também a segurança social e a justiça.
No mesmo ano, dois meses depois desse encontro, a 18 abril, Rui Rio e António Costa assinaram os acordos de descentralização e do Portugal 2030 - já combinados em fevereiro aquando do primeiro encontro entre os dois líderes. A formalização dos acordos decorreu na residência oficial do primeiro-ministro.
Se o primeiro encontro com Rui Rio serviu para iniciar "uma nova fase" nas relações com o PS, disse o social-democrata na altura - o que foi interpretado como um virar de página do "passismo" -, a nova liderança do PSD tem sido colada a Passos Coelho pelo próprio primeiro-ministro.
No debate do Estado da Nação, António Costa afirmou que o "passismo" está de regresso ao PSD; acusações que Luís Montenegro não tem ignorado, reiterando a "honra e orgulho" nos tempos de Passos Coelho.