O primeiro-ministro, Luís Montenegro, saudou, esta quinta-feira, "democraticamente" o anúncio feito pelo líder do PS da abstenção na votação Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), destacando o "sentido de responsabilidade" do principal partido da oposição.
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"Aquilo que posso dizer é saudar, do ponto de vista democrático, o sentido de responsabilidade e de prevalência do interesse nacional que o Partido Socialista expressa ao viabilizar este importante instrumento que pode contribuir para a execução do programa do Governo", declarou Luís Montenegro.
Falando aos jornalistas portugueses no final de um Conselho Europeu de 12 horas em Bruxelas, ocasião na qual teve conhecimento da proposta de sentido de voto do líder do PS, que discursou esta noite em Lisboa, o chefe de Governo acrescentou que tal anúncio "só pode ser saudado democraticamente".
Luís Montenegro vincou o "esforço muito significativo de aproximação às preocupações essenciais do PS", dada "a humildade" do Governo em reconhecer que não tem maioria absoluta.
"Vejo com esperança a decisão do PS, de respeito pela vontade do povo português e de não contribuir para acrescentar incertezas", adiantou.
A reação surge depois de o líder do PS, Pedro Nuno Santos, ter anunciado esta noite que vai propor à Comissão Política Nacional que o partido se abstenha na votação do OE2025, quer na generalidade quer na votação final global.
Em conferência de imprensa na sede do partido, o líder do PS justificou esta decisão apenas com duas razões: o facto de terem passado apenas sete meses sobre as últimas eleições e um eventual chumbo conduzir o país às terceiras legislativas em menos de três anos.
Já em Bruxelas, Luís Montenegro rejeitou que o Executivo de maioria PSD-CDS esteja dependente do PS, mas antes "da sua performance", e manifestou disponibilidade para dialogar.
"O Governo estará, ainda assim, aberto a poder em alguns casos pontuais fazer algumas aproximações e discussões com os partidos da oposição, incluindo o PS, mas nós revemo-nos na proposta que apresentámos no parlamento", concluiu Luís Montenegro.
Na passada quinta-feira, o Governo entregou no parlamento português a proposta de OE2025, que prevê que a economia cresça 1,8% em 2024 e 2,1% em 2025 e um excedente de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e de 0,3% no próximo.