O antigo ministro da Agricultura Armando Sevinate Pinto morreu, num hospital em Lisboa, onde estava hospitalizado. O funeral realiza-se na segunda-feira em Cascais.
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Sevinate Pinto, de 69 anos, "tinha sido hospitalizado há dois ou três dias e infelizmente não resistiu", afirmou à Lusa o presidente da Confederação de Agricultores Portugueses (CAP), João Machado, confirmando uma notícia que foi avançada pela rádio Renascença, citando fonte familiar.
O funeral realiza-se na segunda-feira em Cascais, de acordo com informação da agência funerária.
O corpo de Sevinate Pinto vai estar em câmara ardente, este domingo a partir das 18.30 horas, na igreja da Ressurreição em Cascais e as cerimónias religiosas vão ter início às 14.00 horas de segunda-feira, já na Igreja Paroquial de Cascais, seguindo o cortejo para o cemitério da Guia, na mesma vila.
Armando José Cordeiro Sevinate Pinto nasceu em Ferreira do Alentejo a 01 de janeiro de 1946, era casado, tinha dois filhos e licenciou-se em engenharia agrónoma pelo Instituto Superior de Agronomia (Universidade Técnica de Lisboa).
Como independente pelo PSD, foi ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas do XV Governo Constitucional (PSD/CDS-PP), dirigido pelo primeiro-ministro Durão Barroso, entre 6 de abril de 2002 a 17 de julho de 2004.
Enquanto ministro, o mandato de Sevinate Pinto foi marcado por negociações duras com Bruxelas em 2002 e 2003, aquando da discussão da reforma da Política Agrícola Comum (PAC), que acabou aprovada pela Comissão Europeia para entrar em vigor a 1 de janeiro de 2005, mas com o voto contra de Portugal.
O mandato como ministro foi ainda marcado pela chamada "crise dos frangos", quando a direção-geral de veterinária detetou nitrofuranos, uma substância cancerígena proibida, em explorações de aves, o que levou Bruxelas a considerar um embargo à carne de aves portuguesas.
Em 2003, também na área das pescas, o ministério que liderou esteve em intensas negociações com Espanha tendo conseguido limitar o acesso de barcos espanhóis a águas portuguesas até 2013.
Realizou uma reforma florestal e esteve no centro de uma polémica com as associações de bombeiros, ao ter declarado no parlamento, num ano excecional de incêndios, que ""em Portugal não se sabe atacar fogos florestais", controvérsia que acabou com um pedido de desculpas do ministro.
Recebeu a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo a 9 de junho de 2005.
Mais recentemente foi consultor do Presidente da República para os Assuntos Agrícolas e o Mundo Rural, mas acabou exonerado por Cavaco Silva a 12 de março de 2014 por ter assinado o "manifesto dos 70", petição encabeçada por personalidades portuguesas em defesa da reestruturação da dívida.
Tinha iniciado a sua atividade profissional em 1970, no Centro de Estudos de Economia Agrária da Fundação Gulbenkian. De 1976 até 1986, foi, sucessivamente, funcionário do Ministério do Comércio (técnico superior) e do Ministério da Agricultura (técnico superior, diretor de serviços e Diretor-geral).
Nesse período, Sevinate Pinto foi membro da Comissão Interministerial para a Integração Europeia e participou ativamente nas negociações de adesão de Portugal à Comunidade Europeia, vulgarmente conhecida por CEE.
Depois da adesão foi nomeado diretor da Comissão Europeia, entre 1987-1993, tendo sido um dos obreiros das medidas de acompanhamento da PAC, nos domínios agroambiental, da florestação das terras agrícolas e das reformas antecipadas.
Ao longo da sua vida, foi responsável e corresponsável por centena e meia de publicações (livros, estudos, revistas, jornais), tendo participado em centenas de congressos, seminários e outras reuniões técnicas, em Portugal e no estrangeiro, sobre temas ligados à agricultura.
Era coordenador técnico da Agro.Ges, uma sociedade de estudos e projetos ligados ao mundo rural.