Grupo Lavoradas reúne-se para fazer artes manuais, partilhar saberes e conviver. A partir de setembro querem levar os lavores às escolas e acabar com o preconceito.
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Começaram em 2021. Eram duas. Hoje, o grupo Lavorada tem já 15 membros e continua a contagiar outros com a paixão pelos lavores. Querem "desempoeirar" o tricô, o croché e o bordado. Mostrar que fazer malha, não é sinónimo de "mulher submissa, fada do lar". Associá-los a património, saúde mental, sustentabilidade e ambiente. Este sábado, houve Festival Lavorada e, durante todo o dia, os jardins da Biblioteca Rocha Peixoto, na Póvoa de Varzim, encheram-se de gente de agulhas na mão.
"Partilhamos ideias, modelos, pontos, formas de fazer. É um projeto intergeracional. Há pessoas de 70 anos e jovens de 20", afirma Lara Mafalda Ferreira, a fundadora do Lavorada.
A "brincadeira" nasceu no pós pandemia, inspirada no Dia Mundial de Tricotar em Público (que se assinala no 2.º sábado de junho). A "moda" pegou. O grupo cresceu, os encontros tornaram-se mais regulares (a partir de setembro serão mensais), fazem workshops e passeios, sempre com o mesmo objetivo: dar às agulhas e partilhar saberes. A porta está sempre aberta e, a cada encontro, chega mais gente. A partir de setembro, a ideia é ir às escolas e incentivar, em cada uma, a criação de pequenos clubes Lavorada.
"Queremos tirar esse pó de cima dos lavores. Acabar com esse preconceito da mulher submissa e associá-los ao século XXI e às temáticas da sustentabilidade. Quando sabemos fazer a nossa roupa, poupamos dinheiro, reciclamos, reutilizamos, utilizamos matérias-primas naturais e somos mais "amigos" do ambiente", continua a explicar.
Passar saber aos mais novos
"Tem-se juntado cada vez mais gente. É giro ver esta partilha", conta Albertina Silva, que, aos 73 anos, se junta, agora, "à juventude" para partilhar a sua paixão: o croché. É o convívio, a partilha, a estimulação do cérebro, o relaxamento e, acima de tudo, a prova viva de que fazer lavores não tem que ser "uma coisa doméstica e solitária".
Agora, vê com bons olhos o arranque do projeto nas escolas: "Acho ótimo que as crianças aprendam. As mães de hoje não têm tempo para as ensinar".
Ximene Antunes é psicóloga. Não sabe tricotar. Soube do Festival pela internet e veio ver. Adorou: "Trabalha a paciência que é uma coisa que todos nós precisamos e ajuda a limpar mente. Vou mesmo aprender", assegura. Havia máquinas de costura e de tricô para experimentar, as Mulheres de Bucos (em Cabeceiras de Basto) a ensinar as várias fases da lã, workshops de bordado, croché, tricô e macramé e a yarn bomb "É preciso andar nas nuvens", que "vestiu" às cores as árvores do jardim.