As motos de emergência médica do INEM já estão equipadas com monitores que permitem aos técnicos de emergência pré-hospitalar a realização de eletrocardiogramas na rua a vítimas com suspeita de enfarte agudo do miocárdio. O equipamento está agora disponível em todos os meios INEM - ambulâncias, viaturas médicas e helicópteros - para ajudar a salvar vidas e a reduzir sequelas quando o coração entra em esforço.
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Sedeadas em grandes cidades - Braga, Porto, Matosinhos, Coimbra, Lisboa, Cascais, Setúbal e Faro -, as oito motos do INEM são uma resposta importante especialmente em horas de ponta, quando é necessário chegar rapidamente à vítima. Têm um horário de funcionamento de segunda a sexta-feira, das 8 às 20 horas, e são conduzidas por um técnico de emergência pré-hospitalar. As motos são frequentemente acionadas para dar apoio aos parceiros do INEM - bombeiros e cruz vermelha - e, nestes casos, o novo equipamento também pode fazer a diferença.
"Se a moto for o primeiro meio a chegar ao local, o técnico faz logo o ECG. Depois, se o apoio que aparecer for dos bombeiros, o transporte é feito pela ambulância e a moto acompanha o percurso até ao hospital", explica Ricardo Rocha, coordenador nacional dos técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH) do INEM.
O problema é que as motos nem sempre estão operacionais e, portanto, disponíveis para o socorro. "É verdade que temos muitos inops [inoperacionalidades] porque a falta de pessoal no INEM é gritante", reconhece o responsável.
Ainda assim, os passos para dotar os TEPH de mais competências continuam. Em novembro de 2021, o protocolo da dor torácica arrancou com a instalação de monitores em 56 ambulâncias de emergência médica do INEM e a formação de todos os TEPH.
Milhares de utilizações
Desde então, os monitores que permitem enviar o exame da vítima em tempo real para o centro de orientação de doentes urgentes (CODU) do INEM, foram usados "milhares de vezes", realça Ricardo Rocha. A avaliação após os primeiros seis meses, apontava mais de 4600 utilizações.
O protocolo prevê que, sob orientação do médico do CODU, o técnico possa dar fármacos à vítima para diluir o sangue e ajudar a desfazer os trombos nas artérias coronárias. Apesar do elevado número de ECG, "há muito poucas administrações de fármacos", nota o coordenador, explicando que os critérios para realização do exame são vastos. Até junho, os médicos do CODU validaram a administração de medicamentos em 141 ocasiões.
No top da mortalidade
As doenças cardiovasculares são a primeira causa de morte em Portugal (cerca de 35 mil mortes por ano) e têm como principais fatores de risco o tabagismo, a obesidade, a diabetes, o colesterol elevado, a hipertensão e o sedentarismo.
Resposta diferenciada
O INEM recebe, em média, 17 mil chamadas por ano para dor torácica. Os monitores de ECG nas motos permitem uma resposta diferenciada quando outros meios estão indisponíveis.
Maioria não liga 112
A maioria dos doentes com situação aguda de doença cardíaca desloca-se ao hospital por meios próprios e não chama o INEM, o que "nunca deveria acontecer", alertou o coordenador do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares, a propósito do Dia Mundial do Coração, que se assinala esta quinta-feira
21 novos monitores
O INEM adquiriu recentemente um lote de 21 monitores de ECG de 12 derivações. Dez são para as Ambulâncias de Emergência Médica de reserva, oito são para as motos e outros três ficaram adstritos a cada uma das delegações do instituto.
Resultados nos doentes
Para aferir os resultados nos doentes, o INEM está avaliar com os hospitais de S. João e de S. José mais de mil vítimas transportadas. Deverá ser concluído ainda este ano.