Um estudo de mais de dois milhões de artigos online mostra que as publicações preferem citar homens como especialistas e que apenas usam mulheres como "fonte de prazer visual".
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Numa altura em que a desigualdade de género já é considerada um problema esbatido na sociedade, eis que um novo estudo mostra como as mulheres estão a ser discriminadas pelos sites de notícias.
A investigação levada a cabo pelas Universidades de Bristol e Cardiff, em Inglaterra, publicada esta quinta-feira na revista científica "PLOS ONE", é a mais completa alguma vez feita sobre o assunto. Com base nos mais de dois milhões de artigos online recolhidos ao longo de seis meses de mais de 950 publicações diferentes, conclui-se que as opiniões e vozes masculinas tendem a dominar os textos publicados, enquanto que as representantes do sexo feminino figuram, essencialmente, em imagens.
Descobriu-se ainda que as mulheres são mais chamadas a intervir em artigos sobre moda, entretenimento e arte, dando lugar aos homens quando o assunto é política ou desporto. Isto é "prova empírica", segundo os investigadores, de que as mesmas estão a ser marginalizadas pelos media.
"Quando as mulheres aparecem nas notícias, é frequentemente como "doce para os olhos", o que reforça o valor da mulher como fonte de prazer visual, em detrimento da importância das suas opiniões", lê-se no estudo "Women Are Seen More than Heard in Online Newspapers".
Mais: segundo a autora e investigadora Cynthia Carter, da Escola de Jornalismo, Media e Estudos Culturais de Cardiff, estas descobertas vêm apoiar "a reivindicação de que a marginalização das vozes das mulheres nos "media" menospreza as suas potenciais contribuições para a sociedade e diminui a democracia".
Os resultados não só confirmam as suspeitas de estudos de menor escala, realizados em anos anteriores, como vêm alertar para a ainda acentuada desigualdade de género na comunicação social. Recentemente, uma investigação a centenas de notícias televisivas mostrou também que as jornalistas têm maior probabilidade de apresentar histórias de saúde e interesse humano, enquanto os seus equivalentes do sexo masculino são muito mais vezes usados como especialistas e fontes.