Para que os alunos cheguem todos os dias a horas à escola, está a ser feito grande esforço financeiro.
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O novo ano letivo, em plena pandemia, começou com um custo adicional de milhões de euros aos municípios portugueses, em especial os do Interior, onde há estudantes separados por muitos quilómetros das escolas e cujo transporte recai sobre as autarquias.
O reforço dos circuitos, dada a necessidade de assegurar desdobramentos de viagens para cumprir a lotação de dois terços por viatura, é um dos fatores que contribuíram para esse encarecimento, que chega a várias centenas de milhares de euros por município.
Os nove municípios da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes (CIMTTM) já esperam que o investimento nos transportes suba em flecha. Antes de o ano letivo começar, a CIM expôs os problemas decorrentes da limitação à lotação a três ministérios: Educação, Saúde e Administração Interna. O presidente daquela entidade, Artur Nunes, refere que, até ao início da semana, ainda não havia resposta.
O concelho de Vinhais, que deve gastar este ano mais de 350 mil euros, mais do dobro do ano passado, só para garantir transporte, é onde foi necessário montar uma operação logística de maior dimensão. Estão a funcionar 24 circuitos com táxis e carrinhas e cinco em autocarros, dos quais 18 têm desdobramento, dois são de autocarros. A operação está coordenada e todos os alunos vão para a escola. Ainda que alguns cheguem alguns minutos atrasados.
"Está a funcionar dentro daquilo que esperávamos. Asseguramos que os alunos não esperam pelo transporte ao ar livre e, quando chegam à paragem, já lá estão autocarros, até para que nos locais com desdobramentos não fiquem na rua", afirmou o autarca, Luís Fernandes, que tem dois autocarros da Câmara parados porque têm mais de 16 anos.
24 circuitos
Dentro da própria CIM, as realidades são diferentes. Em Miranda do Douro, a Câmara criou 24 circuitos, alguns com autocarros maiores e possibilidade de viajar em pé. "Muitos pais ainda estão a levar os filhos à escola. Vamos ver como corre quando forem todos nos transportes escolares", disse o autarca Artur Nunes.
Nas restantes comunidades intermunicipais do Interior, de norte e sul, o transporte está a realizar-se com normalidade, mas as contas estão por fazer. Na CIM Viseu, Dão e Lafões, o presidente, Rogério Abrantes, deu conta que "foram feitos ajustamentos aos circuitos, com necessidades pontuais de desdobramentos". A despesa vai aumentar e o Governo ainda não disponibilizou ajuda.
Na CIM da Beira Baixa, Hélder Henriques diz que o ano letivo começou a ser preparado em junho. "Reajustaram-se horários e não há sobressaltos, mas pode ser necessário fazer alterações consoante a evolução da covid", explicou. Os 20 municípios da CIM Douro reforçaram os circuitos, com desdobramento de horários nos períodos do dia em que se atinge a lotação máxima (manhã e tarde). A CIM fez o levantamento das necessidades com os agrupamentos e negociou com os operadores os preços. "Nenhum aluno ficará em casa por falta de transporte", assegurou João Rodrigues.