Tecnológica do Porto lançou um programa para captar talentos, mas há concorrência e é feroz.
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Qualquer um dos cerca de 600 trabalhadores da IT Sector, tecnológica que funciona no Porto Office Park, pode ganhar um prémio de mil euros se recomendar um amigo que fique na empresa durante um período de 12 meses. Este é um dos programas que a IT Sector tem em curso para captar e reter talentos tecnológicos numa altura em que a concorrência internacional é cada vez maior e os perfis experientes são muito disputados.
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"É o motivo das minhas olheiras", sorri Stéphanie Dermagne, diretora da equipa de recrutamento e seleção da IT Sector em Portugal. Há muito que lida com perfis de candidatos e constatou uma grande mudança com a pandemia. "O Mundo inteiro já conseguiu perceber que nas IT há funções que são perfeitamente exequíveis remotamente. Portanto, empresas de Israel, Alemanha e Inglaterra, ou mesmo de fora da Europa, pagam mais e fazem com que as empresas em Portugal fiquem numa situação complicada", admite.
A responsável confirma que o facto de haver muita procura fez com que os níveis salariais tenham aumentado "imenso" e muitas empresas não conseguem acompanhar: "Há poucos perfis de candidatos com experiência, dos poucos que há nem todos são bons, os que são já estão absorvidos pelos gurus e bem pagos. Ninguém quer baixar o nível salarial só porque gosta dos nossos olhos ou da empresa".
A IT Sector é uma empresa de desenvolvimento de software especializada na transformação digital de instituições financeiras. Fundada no Porto em 2005, já está em mais de 20 países e a principal dificuldade que encontra é no recrutamento. "A cada trimestre que passa, agudizam-se as dificuldades", revela Stéphanie.
Foi desta necessidade de contratar que nasceu o "Refer a Tech Friend", que consiste num prémio que vai até mil euros para o trabalhador que recomendar um amigo, e igual montante para o amigo recomendado, caso fique pelo menos 12 meses na empresa. "A nível de seniores há mais referências de colegas do Brasil do que de Portugal, e isto acontece porque os seniores de Portugal já estão bem posicionados em termos salariais e a trabalhar com outras empresas", denota. Como tal, os recrutamentos de seniores foram, este ano, "muito difíceis e muito suados", acrescenta.
Por áreas, os mais procurados são os chamados developers. Como a IT Sector trabalha sobretudo com tecnologias Microsoft, procura especialistas em dotNet, C Sharp e Android, mas também iOS: "São todos muito similares em termos salariais, é muito difícil chegar a eles. Eu diria que quanto mais seniores são os perfis, mais difícil é, porque os seniores têm mais autonomia e não precisam de tanto acompanhamento, portanto são mais absorvidos pelo mercado de trabalho porque podem estar em Portugal e o resto da equipa estar em Israel sem necessidade de acompanhamento próximo".