Pedro Pacheco, presidente Associação Portuguesa de Hotelaria Hospitalar, considera que acompanhamento de doentes vulneráveis "resolve-se com tecnologia, através da inovação".
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Face ao envelhecimento da população e à prevalência de doença mental em Portugal, a questão da segurança nos hospitais é cada vez mais premente?
Infelizmente a única certeza que temos é que mais casos destes [fugas de hospitais] acontecerão, não sabemos é quando. E a base é o envelhecimento da população que é concomitante com a prevalência de demências. Portugal é o segundo país da União Europeia a 27 com a maior prevalência de população com 65 ou mais anos - logo a seguir vem a Grécia -, e associado a este envelhecimento há uma prevalência grande de demência. Dados da OCDE de 2023 estimam que, em 2040, Portugal terá uma prevalência de pessoas com demência de 25,7 por mil habitantes, acima da média da OCDE (22,1/1000). Portanto, não há volta a dar, temos que tentar evitar os riscos destes doentes quando vão à urgência.
E como é que evitamos isso? Com acompanhamento em permanência, com dispositivos eletrónicos de alerta?
A Entidade Reguladora da Saúde já fez um alerta de supervisão sobre esta questão do acompanhamento porque os familiares de doentes que são trazidos para a urgência têm reclamado. O alerta vem relembrar aos hospitais que o direito de acompanhamento está previsto na legislação, que permite a exceção, mas a exceção não deve ser a regra. Portanto, em regra, as pessoas mais vulneráveis, têm direito ao acompanhamento. Em relação à sua pergunta, diria que se resolve com tecnologia, através da inovação. Há empresas que já nos dão soluções para esta questão da saída dos doentes mais vulneráveis.
Está a falar das pulseiras?
Sim, tivemos um problema em 2007 com os recém-nascidos e resolvemos isso com as pulseiras, tornando o seu uso obrigatório.
Para proteger os mais vulneráveis também seria necessário legislar?
Eu penso que sim. Nós não podemos dizer a um enfermeiro, que é um recurso humano muito diferenciado, muito menos a um médico, que mantenha este ou aquele utente sobre vigilância porque há risco de sair da urgência daqui a umas horas.
Não há aqui questões que colidem com a liberdade e autonomia do doente?
Há hospitais que já usam as pulseiras, com o consentimento do doente ou do familiar e pode sempre ser negado. Estas pulseiras são apenas um alerta, ativam alarmes e em alguns casos provocam o encerramento de portas, não são de localização da pessoa.