Falta assinar acordo, mas ninguém explica motivos do atraso. No resto do país, exames voltaram no mês de junho.
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As unidades de rastreio ao cancro da mama do Norte, que encerraram em março, devido à pandemia de covid-19, continuam de portas fechadas. Um mês após o JN ter noticiado a situação que já levou ao adiamento de milhares de exames vitais para a deteção precoce da doença, as utentes continuam à espera da reabertura, que agora "está prevista para o início do próximo mês de setembro", avançou ao JN a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS- Norte). Ninguém explica, porém, o que motiva o atraso na formalização do acordo entre a ARS-Norte e a Liga Portuguesa Contra o Cancro - Núcleo do Norte.
"Chegou à Liga, de fonte idónea, a informação de que até ao final do mês a situação ficará resolvida, sendo que está ainda dependente da aprovação do orçamento. A Liga continua atenta", diz a instituição, questionada pelo JN.
"O anterior acordo de cooperação terminou este ano, pelo que terá de haver articulação entre a ARS-Norte e a Liga Portuguesa Contra o Cancro-Núcleo Regional do Norte para formalização um novo protocolo. Este processo encontra-se em curso, isto é, segue os trâmites próprios de avaliação técnica tendo em vista a respetiva autorização de despesa, o que ocorrerá no mais curto tempo possível", explicou, por sua vez, o Ministério da Saúde.
No resto do país, os rastreios já estão a ser feitos desde junho. "As ARS do Centro, Lisboa e Vale do Tejo e a do Alentejo não estavam dependentes de processos de renovação de contratos", explicou ao JN, há um mês, o presidente do Núcleo do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Vítor Veloso. No Algarve, o programa de rastreio não envolve a Liga e também foi retomado em junho.
Unidades e equipas prontas
As 19 unidades de rastreio (15 móveis e quatro fixas) que a Liga tem no Norte, no âmbito do Programa de Rastreio do Cancro da Mama, estão prontas a funcionar. As equipas, constituídas por 80 médicos, técnicos de radiologia e administrativos, "mantêm-se em funções, a aguardar", explicara, no mês passado, a Liga.
No Norte, o programa de rastreio abrange cerca de 630 mil mulheres. Devido à pandemia, foram adiados cerca de 75 mil exames. Com as 19 unidades encerradas, a solução encontrada foi o recurso ao médico de família, mas apenas para quem apresenta sintomas de alerta. Segundo a ARS-Norte, sempre que haja "uma situação passível de necessidade de avaliação clínica", como queixas sintomáticas da mulher ou antecedentes que obriguem a uma vigilância mais apertada, o médico de família providenciará um exame numa entidade convencionada".
Pormenores
Concelhos
Estão em causa rastreios nos seguintes concelhos: Régua, Feira, Vinhais, Valença, S. João da Madeira, Vila Real, Guimarães, Marco de Canaveses, Valongo, Matosinhos, Braga, Gaia, Viana do Castelo, Famalicão, Felgueiras, Paredes, Vila do Conde e Póvoa de Varzim.
Privado é alternativa
Quem precisa e pode, perante a falta dos rastreios da Liga, vai fazer exames em unidades privadas.
Deteção precoce
A deteção precoce da doença é vital para que o tratamento tenha sucesso. Daí a importância dos rastreios, que até 2018 permitiram encaminhar para tratamento 19 mil mulheres, segundo a Liga Contra o Cancro.
Denúncia no JN
JN revelou há um mês que o Norte estava sem rastreios ao cancro da mama por uma questão burocrática.