
Artur Machado/Global Imagens
Nos bastidores da campanha, todos os minutos contam e fazem-se ajustes de última hora na agenda para maximizar a reta final das eleições. Sejam partidos grandes, como a coligação PSD/CDS, ou pequenos como o Livre/Tempo de Avançar, a estratégia no Porto tem passado pela aposta em temas distritais e concelhios, que complementam a campanha nacional.
Na "casa das máquinas", o nome que Pedro Ferreira, um dos principais ativos da campanha, gosta de chamar à sala do PSD/Porto onde se reúne a equipa, as portas dos armários estão cobertas por agendas. Há uma para cada um dos quatro grupos que se dividem diariamente pelo distrito. As ações de rua incluem, por exemplo, saídas de fábrica, de escola, estações de metro, de comboio e feiras locais.
"Em vez de ir o batalhão todo e carros com barulho, fazemos uma campanha mais discreta e de maior proximidade", explicou Pedro Ferreira, funcionário do partido. Mas a carrinha com as "jotas" é presença constante por todo o distrito.
Mediante os pedidos, participam o cabeça-de-lista pelo distrito, José Pedro Aguiar-Branco, e o primeiro candidato pelo CDS, Pedro Mota Soares. "A agenda governativa pode alterar tudo", disse Pedro Ferreira ao JN, após mais uma das reuniões que, diariamente, juntam uma dúzia de pessoas.
Panfletos locais
"Zé Pedro, impedimentos para esta semana?", perguntou, terça-feira, o líder distrital do PSD/Porto, Virgílio Macedo. A partir daí começou a decisão sobre quem vai onde e com quem. E encontraram um "buraquinho" na agenda para reunir todos os candidatos. Mobilização foi a palavra-chave lançada por Pedro Mota Soares. E "todos os minutos contam para termos os resultados que desejamos", apelou Aguiar-Branco na reunião.
No rés-do-chão, na "casa das máquinas", a diretora de campanha, Gabriela Queiroz, Pedro Ferreira e a restante equipa controlam a agenda que está online para todos os intervenientes.
O material foi previamente distribuído pelas concelhias mas há reforços pontuais. Canetas são 80 mil, lenços 50 mil e leques 20 mil. E há uma aposta forte nos "flyers", onde estão os líderes nacionais e os candidatos do Porto: 700 mil exemplares no distrito. Depois, há ainda os "flyers" locais que jogam com a proximidade de cada candidato a um determinado concelho, explicou Gabriela Queiroz ao JN.
Este enfoque mais concelhio é também a estratégia de outras candidaturas como a do Livre/Tempo de Avançar. No número 157 da típica Rua de Cedofeita, no Porto, o cabeça de lista pelo distrito, Ricardo Sá Fernandes e a segunda candidata, Diana Barbosa, discutiam com a sua equipa as iniciativas da semana. Nessa noite, de terça-feira, iriam distribuir os cartazes acabados de chegar com o rosto destes dois candidatos: 60 para o distrito.
Na sede, por vezes confundida com uma loja por transeuntes atraídos pelas papoilas vermelhas, os candidatos mostravam o jornal do Livre, "a base da campanha".
Manifesto sobre o Porto
No distrito, já distribuíram metade dos 20 mil. E fizeram um manifesto sobre questões do distrito, num processo em que participaram à volta de quatro dezenas de pessoas. "Queremos ser a voz da região e prestar contas à região", disse o cabeça-de-lista, embora candidato a deputado da Nação. De resto, têm cinco "outdoors", 10 faixas e apostam forte nas redes sociais.
Na rua, grande parte da campanha destina-se a dar a conhecer o Livre. "Sou mais conhecido do que o partido", admite Ricardo Sá Fernandes. Além disso, quando o reconhecem muitas vezes não o associam ao Livre, lamentou ainda.
Na distribuição de rua, a regra é participar o máximo possível de pessoas. "É bom andar em grupo, uma pessoa sozinha não é eficaz", diz Sá Fernandes. A campanha tem coberto todo o distrito. No terreno, estão dois ou três carros, e entre 10 a 15 pessoas, explicou o candidato. Na cidade do Porto, dividem-se mais. A candidatura só tem pessoas ativas na campanha em menos de metade dos 18 concelhos.
A agenda tem incluído visitas institucionais a presidentes de Câmara, também para levantamento dos problemas locais, e visitas a serviços públicos "desertos" após a reorganização levada a cabo pelo Governo. Esta semana, estiveram nos tribunais de Baião e de Felgueiras que parecem "casas-fantasma", constatou Ricardo Sá Fernandes.
