PSD e CDS são os mais prováveis vencedores das próximas eleições legislativas. De acordo com uma sondagem da Universidade Católica para o JN, DN, Antena 1 e RTP, a coligação Portugal à Frente (PàF) marca 38%, contra 32% para o PS.
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CDU e BE estão empatados com 9%. O eleitorado feminino revela--se fundamental para a confortável liderança da Direita. Os socialistas lideram entre os eleitores mais velhos e entre os que têm menos habilitações literárias.
A diferença entre os dois principais concorrentes está nesta altura em seis pontos percentuais, ou seja fora da margem de erro, que é de 1,7%. Dito de outra forma, o limite mínimo da PàF é de 36,1%, um resultado superior ao limite máximo do PS: 33,8%. Ainda assim, quando a recolha de inquéritos teve lugar (no fim de semana de 26 e 27 de setembro) havia 15% de indecisos.
As mulheres estão mais indecisas do que os homens, mas essa não é uma boa notícia para António Costa, uma vez que são elas que empurram as projeções da sondagem (realizada com voto em urna, em freguesias-tipo) para fora do empate técnico. Entre os homens, a liderança da coligação de Direita é de apenas três pontos, entre as mulheres o fosso é de oito pontos.
A partir da projeção de resultados círculo a círculo, os especialistas do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa (CESOP) antecipam igualmente um maior número de deputados para a Direita: 99 a 114. A dois de uma maioria absoluta, mesmo no cenário mais favorável. E com uma perda estimada de cerca de 25 parlamentares, face à soma atual das bancadas do PSD e do CDS.
Esta poderá ser a única boa notícia da noite eleitoral para os socialistas. Ao conseguir entre 78 e 99 parlamentares, poderão conquistar o título de maior grupo parlamentar (PSD e CDS concorrem coligados mas terão bancadas separadas). E a questão é mesmo a de saber se, nesse caso, António Costa assumirá a vontade de ser ele a formar um Governo. Seria inédito, mas não impossível. Sendo certo que a palavra final pertence ao presidente da República.
Para este cenário contribui o facto de não se prever uma maioria absoluta, bem como para a projeção de uma maioria de deputados dos partidos de Esquerda. CDU e Bloco podem somar uns inéditos 18% dos votos (rigorosamente metade para cada um) e um reforço substancial do número de lugares no Parlamento, desta vez com vantagem para os comunistas, que beneficiam da concentração de votos em Setúbal e no Alentejo: poderão ter entre 15 e 20 parlamentares, contra 12 a 17 dos bloquistas.
Com a Direita vencedora nas urnas, mas minoritária no Parlamento, levanta-se igualmente a questão da governabilidade. António Costa começou por rejeitar, à partida, a aceitação de um Orçamento do Estado elaborado por PSD e CDS. As declarações foram entretanto matizadas com uma garantia de "responsabilidade" mas será interessante perceber se o líder socialista clarifica, no dia que lhe resta de campanha, o que fará no dia seguinte às eleições.
FICHA TÉCNICA
Esta sondagem foi realizada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa (CESOP) para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias entre os dias 26 e 27 de setembro de 2015. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em Portugal Continental. Foram selecionadas aleatoriamente quarenta e cinco freguesias do país, tendo em conta a distribuição dos eleitores por distritos. A selecção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até os resultados eleitorais das eleições legislativas anteriores nesse conjunto de freguesias (ponderado o peso eleitoral dos seus distritos de pertença) estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco partidos mais votados. Os domicílios em cada freguesia foram selecionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o mais recente aniversariante recenseado eleitoralmente. Foram obtidos 3302 inquéritos válidos, sendo que 59% dos inquiridos eram do sexo feminino, 27% da região Norte, 20% do Centro, 32% de Lisboa e Vale do Tejo, 13% do Alentejo e 8% do Algarve. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população com 18 ou mais anos residentes no Continente por sexo e escalões etários, na base dos dados do INE, e por distrito na base dos dados do recenseamento eleitoral. A taxa de resposta foi de 67%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 3302 inquiridos é de 1,7%, com um nível de confiança de 95%.