Nova falha no NRP Mondego "atesta que navio não está em condições", diz advogado dos 13 militares
O NRP Mondego voltou a falhar uma missão na Madeira, na segunda-feira à noite e durante a madrugada de terça-feira, por motivos de "ordem técnica". A embarcação, que alastrou fumo no porto do Funchal, ia fazer a rendição de elementos destacados nas Ilhas Selvagens. O navio teve de ser rebocado quando tentava chegar ao destino. A defesa dos 13 militares que recusaram embarcar a 11 de março no NRP Mondego, por alegada falta de segurança, diz que a situação "atesta que o navio não está em condições".
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Na noite de segunda-feira, 27 de março, antes de iniciar a missão de rendição de vigilantes da Natureza e elementos da Polícia Marítima destacados nas Ilhas Selvagens, foram captadas imagens do NRP Mondego com uma nuvem de fumo, no porto do Funchal. Mais tarde, na viagem para outra ilha, houve outra avaria.
O Comando da Marinha da Zona Marítima da Madeira apontou, em comunicado, que o navio regressou na manhã de terça-feira "em segurança" ao porto do Caniçal, por motivos de "ordem técnica". Até ao fecho desta edição, a Marinha não respondeu em tempo útil ao JN sobre o sucedido. À margem de uma cerimónia em Lisboa, onde esteve também a ministra da Defesa, o chefe do Estado-Maior da Armada não quis fazer declarações. O navio terá sido esta terça-feira alvo de uma nova inspeção.
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Paulo Graça, um dos advogados de defesa dos 13 militares que recusaram embarcar a 11 de março, e que estão a ser alvo de um processo disciplinar pela Marinha, afirma que "os factos confirmam uma versão que não coincide com a da Armada, de que o navio estava operacional". "Os juízos técnicos da Marinha não são credíveis", aponta. A recusa dos marinheiros levou a que uma missão de acompanhamento de um navio russo não fosse então cumprida. As associações militares de sargentos e praças defendem que a nova falha do navio veio confirmar o "grito de alerta" dos 13 militares.
Parados "à deriva"
Um dos vigilantes da Natureza, que estava à espera da rendição nas ilhas Selvagens, na segunda-feira, referiu à RTP que pararam os motores e os geradores da embarcação enquanto se dirigia para aquele território. "Parou tudo e ficamos ali à deriva". Durante algum tempo, Nelson Pereira diz que os militares tentaram resolver a situação. "Não conseguiram. E, por volta das duas horas, o rebocador levou-nos para o porto do Caniçal", afirmou. Os elementos da Polícia Marítima foram esta terça-feira rendidos pelo NRP Setúbal.
Pormenores
Processos
O advogado dos 13 militares diz que o grupo não foi mais notificado pela Polícia Judiciária Militar, após o Ministério Público ter suspendido as audições.
Análise
A ministra da Defesa vai aguardar pela análise técnica ao navio para se pronunciar sobre o assunto, disse aos jornalistas.