A Ministra da Defesa, Helena Carreiras, ainda aguarda o resultado da visita técnica ao navio Mondego, atracado no porto do Caniçal, depois de uma avaria no mar da Madeira. Garante que fala todos os dias com o almirante Gouveia e Melo, chefe de Estado Maior da Armada (CEMA), e admite que o país está a recuperar de "défices" antigos de investimento nas Forças Armadas.
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"Estou a aguardar o resultado da visita técnica que está a acontecer e nos dará os dados para avaliar a realidade da situação. Antes disso, será especulação e não vale a pena", disse a ministra da Defesa, esta sexta-feira em Beja, a propósito do caso no NRP Mondego, da Marinha Portuguesa, atracado no porto do Caniçal, na Madeira.
Helena Carreiras falava aos jornalistas à margem de uma cerimónia militar na BA11, em Beja. Quando questionada sobre o caso, justificou que "não é justo e não é bom generalizar situações pontuais que acontecem quanto ao estado de operacionalidade dos equipamentos e meios militares. Estamos a recuperar de défices antigos do passado", concluiu. A ministra garantiu que fala "todos os dias" com o almirante Gouveia e Melo. "Estou a receber informações sobre a situação, podendo acrescentar que o NRP Setúbal está a apoiar a guarnição do Mondego", disse, não fazendo comentários sobre as notícias que dão conta que os militares do navio estão sem água, luz e comida a bordo. "Estamos a fazer todos os esforços para evitar problemas e dificuldades", concluiu.
Lei de Programação Militar
Helena Carreiras revelou que a Lei de Programação Militar já deu entrada na Assembleia da República "e há um reforço de verbas com um montante total de 5 570 milhões de euros para um período de 12 anos, com particular reflexo no primeiro quadriénio". "É um esforço muito significativo que complementa o Orçamento da Defesa para 2023. No ano passado, tivemos uma execução de 73%, contra os 54% de 2021. Estamos a gastar mais e melhor nos equipamentos das Forças Armadas", rematou.
Mais meios aéreos do DECIR 2023
Questionada pelo JN sobre os meios aéreos a disponibilizar pela Força Aérea (FAP) para atuar no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), Helena Carreiras justificou que "a FAP participa neste esforço coletivo. Estão assegurados a maioria dos meios e está a decorrer outro concurso para estarem todos os meios ao dispor da ANEPC".
O General Cartaxo Alves, Chefe do Estado-Maior General da Força Aérea (CEMFA) adiantou que o país vai ter "mais meios e equipas do que o ano passado. No total serão 76 meios aéreos. Estão garantidos já 43 e num último concurso, a decorrer durante o mês de abril, vão ser assegurados os restantes com 33 helicópteros", concluiu.
Processos judiciais contra instituições militares
A ministra foi ainda confrontada pelo JN com processos judiciais que deram entrada nos últimos dias no Tribunal Administrativo Central (TAC) de Lisboa, onde um grupo de 22 cidadãos exige 239.571,45 euros à Marinha Portuguesa e dois processos da autoria da BFF Bank SPA, instituição que comprou dívidas a fornecedores, onde esta instituição exige 206.081,68 euros ao Instituto de Ação Social das Forças Armadas, IP. Helena Carreiras foi lacónica na resposta: "há situações que estão em tribunal e vamos aguardar que a Justiça faça o seu trabalho", rematou.
A ministra da Defesa presidiu na BA11 à cerimónia de despedida da Força Nacional Destacada para a missão "Sea Gaurdian 2023", composta por 39 militares da Esquadra 601-"Lobos", com uma aeronave P-3C Cup+, para patrulhar o Mar Mediterrâneo, que vai decorrer de 15 de abril a 17 de maio.