O concurso público para a manutenção e modernização dos centros operacionais do serviço 112 deverá ser publicado hoje em Diário da República e vai permitir, a partir de 2023, a georreferenciação exata de quem telefona para o número de emergência a partir de um telemóvel com ligação à internet. O novo 112 e a manutenção do sistema até ao final de 2027 vão custar 11,5 milhões de euros.
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Atualmente, sempre que alguém liga para o 112 a partir de um telemóvel, o sistema em vigor (Cell ID) nas centrais apenas transmite a localização da antena de telecomunicações mais próxima, que pode estar a quilómetros do local da emergência. A partir de 2023, as centrais operadas por agentes da PSP vão passar a receber a localização geográfica exata da zona de onde foi feita a chamada de emergência, tal como já acontece hoje com as chamadas a partir do telefone fixo.
A nova funcionalidade vai ser útil nos casos em que a pessoa que telefona para o 112 não conhece a localização exata onde se encontra ou quando está nervoso, confuso ou em estado de choque.
COORDENADAS EM 4G E 5G
A nova arquitetura do 112 introduz o sistema VoIP (conversação em banda larga), mas também as tecnologias de mensagens em tempo real, imagens, vídeo, aplicações, redes sociais e IOT (Internet das Coisas). Também passa a permitir a receção e processamento de coordenadas geográficas do autor da chamada em 4G e 5G, para além de ter interoperabilidade com os centros europeus. Está prevista ainda a criação de sites remotos para recuperação de dados em caso de eventos que tornem inoperacional o sistema principal.
O concurso público prevê um prazo de 30 dias para apresentação de propostas e surge por recomendação do Tribunal de Contas. Segundo a informação divulgada pelo Ministério da Administração Interna (MAI), o valor base é de 11,5 milhões de euros, sendo que 4,5 milhões de euros são para investimento na modernização da arquitetura tecnológica dos centros operacionais e os restantes sete milhões são para a manutenção do sistema até 2027.
Com este concurso, o MAI pretende "garantir a continuidade da manutenção dos quatro centros operacionais" e renovar a tecnologia "da plataforma de suporte ao serviço 112", informou a Presidência do Conselho de Ministros.
A evolução tecnológica estende-se à aplicação "MAI112", que disponibiliza um serviço de atendimento para cidadãos surdos desde 2019 com geolocalização disponível. Este serviço funciona através de videoconferência entre a pessoa surda que está em situação de emergência, o agente da PSP que está a operar no Centro de Orientação de Doentes Urgentes e um intérprete de língua gestual portuguesa que fará a tradução.
A resolução do Conselho de Ministros que aprovou o concurso público prevê um investimento de 4,39 milhões de euros em 2023, cerca de três milhões de euros em 2024 e 1,34 milhões nos anos seguintes até 2027.