Sala de apoio ao coordenador do plano de vacinação está a cargo das Forças Armadas. Planeamento é feito com cerca de um mês de antecedência.
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Quem pensa em militares raramente os imagina sentados à secretária. Mas basta entrar na sala de apoio ao novo coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, em Oeiras, para nos lembrarmos que nem todas as guerras se fazem de armas na mão. Divididos por várias mesas, 35 elementos dos três ramos das Forças Armadas traçam a estratégia para o próximo mês de vacinação. Conta-se com um aumento significativo dos fornecimentos a partir de abril. Mas, até março, o país vai receber menos de metade do previsto.
Os militares que auxiliam o vice-almirante Gouveia e Melo integram a Força de Reação Imediata, cujo papel é estar a postos para qualquer catástrofe. Ao canto da divisão, uma inscrição num quadro recorda-os da finalidade do seu esforço: "1) Salvar vidas; 2) Resiliência; 3) Libertar a economia".
A sala, a funcionar desde dia 5, está em articulação permanente com uma outra, no Ministério da Saúde: em Lisboa decide-se o "aqui e agora" a nível de vacinas; no Comando Conjunto para as Operações Militares de Oeiras, planeia-se a estratégia a três/quatro semanas.
Fazer a mensagem passar
Nas palavras da ministra da Saúde, Marta Temido - que esta sexta-feira visitou o local -, as Forças Armadas são "essenciais" para "perceber em detalhe" os desafios da vacinação. Recentemente, um desses desafios obrigou estes militares a atuar: o desrespeito pelas prioridades na toma das vacinas levou à correção das normas. O núcleo responsável por acompanhar a imprensa verifica se a mensagem está a passar de forma correta.
As decisões sobre os stocks estão a cargo de outra subdivisão. Aqui, o planeamento é feito a três semanas: tendo em conta o número de vacinas existentes, e através de cálculos matemáticos, os militares decidem quantas alocar para a primeira e segunda doses, bem como que quantidades colocar na reserva.
Uma vez que a finalidade da sala é planear o futuro, já foi feita uma estimativa de quando Portugal chegará à imunidade. Assumindo que, a partir de abril, haverá um reforço assinalável do fornecimento, os militares apontam que 70% da população esteja vacinada até final de agosto.