Nuno Cunha Rolo, jurista de 50 anos, é o novo presidente da associação Transparência e Integridade. Até aqui desempenhava a função de vice-presidente de Susana Coroado, que se demitiu por motivos profissionais. Foi proposto como sucessor e irá liderar a organização até às eleições de 2023. Ao JN, garante que não está nos seus planos ficar no cargo para lá dessa data.
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"Não estava previsto eu ser presidente, mas quis o destino que assim fosse", reconhece Nuno Cunha Rolo. No entanto, com a saída de Susana Coroado, que está a viver no estrangeiro, o vice-presidente aceitou o desafio de subir na hierarquia: foi o único candidato nesta votação intercalar, ocorrida a exatamente um ano das eleições estatutárias.
Apesar da mudança de cargo, Cunha Rolo assegura que esta será uma solução de curto prazo: "Não está no meu horizonte continuar para lá deste mandato", afirma, explicando que já vai no seu terceiro mandato na Transparência. Durante os dois primeiros tinha sido vogal da direção.
Cunha Rolo não esconde que há uma linha de continuidade entre a presidência anterior e aquilo que será o seu mandato, propondo-se a "levar o mesmo programa até ao fim". Pretende, no entanto, implementar algumas "ideias novas", embora queira primeiro discuti-las com a sua equipa numa reunião que ocorrerá "muito em breve".
As eleições intercalares tiveram 17 votantes, sendo que, dos nomes propostos pela direção anterior, todos obtiveram 17 votos menos uma das vogais, que só alcançou 16. O novo vice-presidente da direção é José Manuel Fontão Pereira e os três novos vogais serão Marco Dinis Santos, Joana Rodrigues de Freitas e Teresa Ferreira Nascimento.
Há ainda dois vogais que transitam da direção anterior. Já para o conselho fiscal foram eleitos Luís Pinto de Sousa, Mariana Abrantes de Sousa e Ana Sirage Coimbra.
"Escrutínio muito forte" da corrupção
Cunha Rolo elege como prioridades o compromisso com a boa gestão dos recursos públicos, a "promoção da integridade na política e nos negócios" e a proteção do Estado de Direito. Promete um "escrutínio muito forte" da implementação do Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC), dos fundos do PRR e dos vários "lobbies" e conflitos de interesses.
O novo líder da Transparência compromete-se igualmente a "promover o combate ao fenómeno corruptivo", que sublinha não estar apenas presente nas instâncias mais altas da sociedade. "Vai desde a cunha até ao crime", refere.
No que toca à imagem de Portugal no estrangeiro, espera que o país "não seja achincalhado por relatórios internacionais" e que construa uma imagem "que nos prestigie".
Cunha Rolo lembra que a Transparência é uma associação da sociedade civil, pelo que funciona "muito à base do "pro bono" [trabalho voluntário] e da dedicação à causa". E cita uma frase que costumava ouvir da boca de Susana Coroado: combater a corrupção e os 'lobbies' "é uma corrida de fundo, mas alguém tem de a fazer".