Centristas pedem união e reflexão no próximo congresso, admitindo que caminho será difícil. Para Diogo Feio e Pires de Lima não há volta a dar.
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Segue-se um caminho "longo e difícil" para o CDS-PP nos próximos anos, mas os centristas não acreditam numa extinção do partido e apostam as fichas todas numa futura liderança de Nuno Melo, na expectativa de que o partido renasça unido. O JN sabe que o eurodeputado esteve reunido com militantes do partido para decidir os próximos passos e publicará esta terça-feira, às 10 horas, uma declaração no seu Facebook.
Até agora, só Diogo Feio, ex-líder parlamentar, e o antigo ministro da Economia e ex-dirigente centrista, António Pires de Lima - que deixou a militância no final de outubro -, admitiram o fim do partido. "Morreu [no domingo] e vai, realmente, fazer muita falta à democracia portuguesa", disse Pires de Lima à Lusa.
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O momento é "difícil" e o antigo presidente do CDS, José Ribeiro e Castro, que se juntou a Francisco Rodrigues dos Santos na noite eleitoral de domingo, não o nega. Mas agora, disse ao JN, é "momento de decidir o recomeço". "É importante ouvir a opinião dos militantes das concelhias e das distritais" e saber quais os "desejos". Uma eventual recandidatura de Ribeiro e Castro à liderança do CDS "não está em cima da mesa".
"Era evitável"
O "risco de vida" do partido é real, diz o ex-deputado e presidente da distrital de Lisboa, João Gonçalves Pereira, mas "está longe de se poder falar em extinção".
"O partido tem que se unir. Não tem espaço para mais divisões", acrescenta. "Nuno Melo mantém a intenção de se candidatar", afirmou, referindo também Cecília Meireles como uma possível líder do partido.
O ex-deputado João Almeida aponta o próximo congresso, ainda sem data marcada, como o momento para o partido receber uma "reestruturação muito grande" que, na sua ótica, já deveria ter sido feita. Reerguer o CDS "é muito difícil", mas "é possível", atesta: "É importante que apareça alguém que consiga unir o partido".
Mas João Almeida não será recandidato. Sem referir nomes, o ex-deputado afirmou que há quem esteja em "melhores condições" do que ele para assumir esse papel. O ex-deputado confessa que esperava um "mau resultado" eleitoral, mas não um "tão mau", que deixa os centristas, pela primeira vez, sem representação parlamentar.
"É triste. Era evitável", verifica, criticando a "forma como [o CDS] foi conduzido" durante os últimos dois anos e lamentando a "desvalorização das figuras" históricas do CDS, o que contribuiu para "afunilar o discurso do partido".
Para a ex-deputada Cecília Meireles, "o partido virou-se cada vez mais para dentro e começou a discutir-se a si próprio, deixando que as discussões que tinha sobre o país se transformassem quase em notas de rodapé".
A centrista anunciou, em novembro, que sairia do Parlamento depois das eleições legislativas. Segundo a ex-deputada, Rodrigues dos Santos acusou alguns militantes do partido de "terrorismo político".
O cenário, descreve Meireles, foi o de um partido que "entrou numa cruzada de purismo ideológico sobre quem eram "os verdadeiros CDS" e de afastamento de grande parte da sua militância e de grande parte dos seus ex-dirigentes", disse esta segunda-feira à CNN Portugal.