O CDS-PP vai ter um novo congresso, nos próximos meses. Desta feita, será estatutário para que seja possível ao líder Nuno Melo avançar com uma série de medidas, que visam a "modernização" do partido. Em cima da mesa, por exemplo, a extinção das tendências internas.
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A convocação de um congresso estatutário é um dos temas em discussão do primeiro Conselho Nacional da liderança centrista de Nuno Melo, que se realiza esta sexta-feira, na sede nacional do partido, em Lisboa.
No congresso em que foi eleito, no início deste mês, em Guimarães, Nuno Melo prometeu uma renovação profunda do partido, anunciando, para o efeito, a convocação de um congresso estatutário.
É precisamente isso que vai ser discutido no Conselho Nacional de sexta-feira, pretendendo-se que seja nomeada uma Comissão Organizadora do Congresso (COC), com poder para escolher a data e o local do conclave, que deverá ocorrer até ao verão.
"Sempre disse que faria um congresso estatutário. É preciso modernizar o funcionamento do partido, dar-lhe agilidade numa altura em que não estamos na Assembleia da República", aponta Nuno Melo.
O líder do CDS-PP adianta ainda que pretende "valorizar os ativos do partido" que, nesta altura, considera serem os eleitos no Poder Local e no Poder Regional.
Por exemplo, Nuno Melo pretende que representantes das autarquias e dos órgãos regionais da Madeira e dos Açores tenham assento por inerência na Comissão Política Nacional e na Comissão Executiva do CDS-PP. Com o mesmo intuito, os líderes do partido nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores serão vice-presidentes do CDS-PP.
Além disso, o líder dos centristas defende que o Gabinete de Estudos passe a participar nas reuniões da Comissão Executiva. "Porque quero um partido de ideias", vinca Nuno Melo. E que seja alterada a estrutura do Senado.
"São condições fundamentais para se transformar o CDS-PP num partido moderno do século XXI", considera o líder dos centristas.
Em cima da mesa, contudo, vai acabar por estar um tema polémico: a extinção das tendências internas do CDS-PP. Uma medida que Nuno Melo defendeu no congresso de Guimarães e que suscitou duras críticas da única corrente de opinião formalizada no partido. A TEM - Esperança em Movimento acusou Nuno Melo de ter "falhado nas prioridades".
No Conselho Nacional de sexta-feira vai estar em debate ainda a concretização de outra promessa eleitoral de Nuno Melo: o fim da isenção do pagamento de quotas. Trata-se de uma medida que visa aproximar os cadernos eleitorais do CDS-PP da realidade e que pretende ajudar a consolidar as contas de um partido, que chegou a ter um passivo de 1,2 milhões de euros e encontra-se a encerrar várias sedes locais.
A anterior Direção de Francisco Rodrigues dos Santos garantiu ter pago 88% dos 700 mil euros de dívidas à banca e 200 mil de 400 mil euros de dívidas a fornecedores. Mas admitiu que as legislativas tivessem voltado a engrossar os pagamentos em atraso a fornecedores.
O atual secretário-geral do CDS-PP, Pedro Morais Soares, recusa adiantar qualquer informação sobre as contas do partido referentes a 2021, alegando que se trata "de um assunto interno do partido" que, como tal, "deve ser tratado nos locais próprios".