Taxista há mais de meio século, José Barroso não poupa críticas a quem abusa das segundas filas para estacionar.
Corpo do artigo
Taxista há 51 anos, José Barroso não poupa críticas ao estado atual do trânsito em Fafe. Desde o estacionamento desregrado ao aumento de carros a circular numa cidade que mantém praticamente as mesmas ruas, são vários os reparos de quem é obrigado a circular de manhã à noite.
“Cada vez há mais trânsito e não encontram formas de o fazer escoar melhor”, refere José Barroso que, aos 78 anos , lamenta as atitudes das novas gerações. “Temos de ter muito cuidado com a juventude porque hoje em dia é uma loucura. Têm uma condução muito agressiva. Pode haver um ou outro mais moderado mas a maioria é muito louca ao volante e colocam em perigo todos os outros automobilistas”, aponta.
De resto, numa cidade com pouco mais de 17 mil habitantes e que é sede de um concelho com 48 mil, este experiente profissional do volante aponta o mau estacionamento como uma das causas para alguns engulhos que o trânsito vai tendo, especialmente, no centro urbano. “Há muita falta de estacionamento e muito comodismo das pessoas que, se pudessem, entravam com o carro nas lojas e nos cafés para não darem dois passos a pé”, sublinha. Neste particular, as piores horas são as que coincidem com a entrada e saída das crianças das principais escolas da cidade.
Astúcia é a chave
Ciente de que cada vez há mais carros e mais trânsito na cidade, o segundo taxista mais velho da praça de Fafe defende uma reorganização do sentido de algumas ruas porque “há determinadas horas do dia que é muito complicado passar em algumas zonas da cidade”. Ressalva porém que a sua astúcia, e dos seus colegas, ajuda a resolver alguns problemas. “Como conhecemos os caminhos todos acabamos por conseguir fugir de alguma forma. Mas claro que o taxímetro está a contar e o cliente paga mais uma voltinha. Mas se quiser ser mais rápido tem de ser assim”, explica.
O estacionamento é tão desorganizado que é comum verem-se na cidade carros estacionados em segunda fila, “mesmo que seja para cargas e descargas”, situação que ajuda a entupir a circulação e dar ar de “caos” a algumas ruas. Inclusive, há quem utiliza a praça de táxis, exclusiva a este tipo de veículos, para estacionar.
“Há pessoas que estacionam o carro todos os dias nos nossos lugares aqui na praça e as autoridades fecham os olhos. Não se vê um polícia a chamar à atenção de ninguém. É uma das coisas que está mal aqui”, lamenta José Barroso.
Nos últimos meses Fafe tem tido obras de requalificação urbana que implicam com o trânsito e com a paciência dos automobilistas mas, ao mesmo, tempo merecem a complacência de José Barroso. “As obras têm de ser feitas mas estão a ser quase todas ao mesmo tempo e ter ruas fechadas complica a nossa vida”, diz.
Perfil
José Barroso
Idade: 78 anos
Anos de experiência: 51
Positivo
Mobilidade
As acessibilidade para fora do concelho são boas. A A7 passa a cinco minutos do centro da cidade e em pouco mais de meia hora se chega ao Porto e a Braga.
Negativo
estacionamento
O estacionamento escasso e a forma desregrada como as pessoas o fazem, inclusive, ocupando a própria praça de táxis. Horário de entrada e saída das escolas é caótico.