Os tempos mudaram e o sistema de ensino procurou acompanhar realidades e necessidades. Há famílias que optam por outras possibilidades para os filhos em idade pré-escolar. Sem modelo universal obrigatório, maior liberdade de escolha.
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Diana tem cinco anos e anda à volta da plasticina a moldar formas para dar à mãe a provar, fazendo de conta de que é comida, numa quinta-feira a meio da manhã. Gosta de desenhar, de dançar, de brincar no parque, de ouvir histórias, começa a descobrir as letras. Não frequenta o pré-escolar. O irmão David tem 10 anos, também não andou na pré, está no 4.º ano no ensino doméstico, a aprender em casa numa aldeia de Marinha das Ondas, na Figueira da Foz.
A mãe, Anabela Cordeiro, e o pai, Yuri Muniz, optaram por não inscrever a filha no pré-escolar. “Acredito que os primeiros anos de vida de uma criança devem ser passados no seio familiar, com maior presença dos pais. Não é na pré-escola que aprendem aptidões sociais, em grupos de 20, 30 crianças, dentro da mesma linha de pensamento, a disponibilizarem sempre os mesmos brinquedos, os mesmos objetos”, diz Anabela Cordeiro. Quando lhe dizem que as crianças adquirem mais competências e conhecimentos de socialização na pré, torce o nariz. “As crianças precisam de um ambiente mais livre, de ir ao parque, à mercearia, a um museu, de estarem com a família, com os pais, de interação com a comunidade. Não é um ambiente protegido, é o confronto com a realidade.”