Eixo Atlântico: "O mar é fonte de energia, mas temos de harmonizar interesses"
O secretário-geral do Eixo Atlântico destacou, esta sexta-feira, a importância das energias renováveis offshore para as cidades costeiras do Norte de Portugal e da Galiza, considerando que uma das dificuldades do processo é a "harmonização de interesses".
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Xoan Mao falava à margem de um debate em Viana do Castelo, sobre o impacto da política urbana e marítima da União Europeia nas cidades do Eixo Atlântico, e onde o secretário de Estado do Mar, José Maria Costa, voltou a recordar que "em Portugal está previsto um investimento de 40 mil milhões de euros, com previsão de criação de mais de 30 mil postos de trabalho", no âmbito das renováveis offshore.
Hoje termina o prazo da consulta pública da proposta preliminar das áreas espacializadas para implantação de projetos, em Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira e Sines, que totalizam 3393,44 km2 de espaço marítimo nacional.
O processo tem contado com a oposição da classe piscatória e, na quinta-feira, organizações ambientalistas vieram a público defender que devem ser excluídas da proposta três zonas marinhas perto da costa, em Matosinhos, Sintra/Cascais e Sines, onde há sobreposição com a Rede Natura 2000.
Xoan Mao disse que também na Galiza, existe contestação no âmbito de um processo idêntico, e considerou que "agora o mar é uma fonte de energia, mas não é fácil porque temos de harmonizar os interesses energéticos, com os interesses da gente que vive do mar".
"As coisas que são boas com normalidade, em excesso podem não ser boas. Na Galiza temos um problema similar. Em Espanha estão-se a implementar parques eólicos, mas parece que querem fazer agora o que não se fez em 50 anos. Se se quer fazer um parque eólico, mas se faz um macro parque eólico, também tem consequências na pesca. A eólica marinha é importantíssima, mas tem que ser trabalhada com cuidado para harmonizar posições e interesses lícitos", declarou.
O secretário de Estado do Mar, José Maria Costa, que na quinta-feira participou num debate em Viana do Castelo, onde pescadores vincaram a sua posição contra as eólicas offshore, sublinhou que o processo envolverá "todos os stakeholders, no futuro das energias renováveis", incluindo, municípios e Comunidades Intermunicipais. Recordou que que até maio será concluído o primeiro relatório do grupo de trabalho, criado pelo Governo para reunir contributos para desenvolver a produção de energia no mar.
"O mar é o nosso território de futuro e diria que também a agenda do Eixo Atlântico tem que introduzir esta nova vertente dos oceanos", indicou José Maria Costa.