Depois de 20 anos dedicados ao estudo do tema, Freitas-Magalhães, professor universitário, desenvolveu um sistema que irá permitir medir o Quociente Facial (QF) de cada indivíduo e anteveem-se aplicações em várias profissões e setores de atividade, como na saúde, educação e justiça. O sistema que, segundo o investigador representa um "marco histórico" no campo das expressões faciais, abre caminho a novas linhas de investigação e desenvolvimento científico. A apresentação está agendada para dia 9 de outubro, no Porto, na celebração do 19.º aniversário do Laboratório de Expressão Facial e da Emoção.
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Ao fim de 20 anos de investigação, o professor Freitas-Magalhães apresenta um sistema inovador chamado Facial Intelligence Coding System (FICS) que se destina a medir a inteligência facial de cada pessoa, uma criação "revolucionária" que permite entender "mais de sete milhões de anos de evolução humana". "A face é o nosso alfabeto universal, é o grande atlas das emoções humanas e a inteligência facial é a proficiência em aprender e usar aquele alfabeto", diz Freitas-Magalhães, em declarações por escrito ao JN.
O professor da Universidade Fernando Pessoa (UFP) e diretor da FEELab defende que o sistema pode ter várias aplicações e em vários setores, seja na área da educação, justiça, na segurança, na saúde e no desporto.
O investigador avança que, a título de exemplo, na saúde esta tecnologia poderia ser aproveitada para medir "a proficiência da dor", ao passo que na educação "permite avaliar a intercomunicação emocional dos agentes educativos". Por outro lado, na justiça este sistema poderia ser uma "ferramenta de perícia à qual os juízes podem recorrer para verificação das incongruências emocionais dos testemunhos e dos interrogatórios".
Como se mede?
A "medição" é feita com a aplicação de quatro provas de avaliação (a identificação, o reconhecimento, a regulação e o uso) que permitem obter "o resultado da proficiência sobre a expressão facial das emoções básicas". A partir destes resultados será possível obter o seu Quociente Facial.
O termo "inteligência facial" é recente e foi cunhado pelo professor Freitas-Magalhães. Descreve a habilidade de um indivíduo em identificar, reconhecer, regular e usar a face humana, a "parte do corpo que mais exibimos durante a vida humana", afirma.
No seu entender, esta inovação representa "um marco histórico na ciência da expressão facial" e vai "catapultar a investigação, porque a partir da aplicação do sistema FICS, vão surgir outras linhas de investigação e de aplicação psicossocial".
O trabalho foi desenvolvido no F-M Facial Intelligence Coding System Lab, uma unidade de investigação do Laboratório de Expressão Facial da Emoção, da Faculdade de Ciências da Saúde, da Universidade Fernando Pessoa, desde 2002. Na investigação participaram também investigadores nacionais e internacionais, estudantes ao nível do pós-doutoramento, doutoramento, mestrado, alunos de licenciatura e estagiários.
Para além do sistema FICS, foi também criado um manual, sob o nome "Facial Intelligence Coding System 2.0: Manual da Codificação Científica da Inteligência Facial". Este manual revela toda a história e literatura que sustentam o trabalho desenvolvido, juntamente com a explicação sobre como se deve proceder para a aplicação dos testes e a obtenção do QF.